|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ex-ministros divergem sobre
projeto de desvio do S. Francisco
EMANUEL NERI
da Reportagem Local
O ex-ministro da Integração Regional Aluizio Alves disse que as
alterações feitas no projeto de desvio do rio São Francisco têm o objetivo de beneficiar a Paraíba. Responsabilizou o ex-ministro de Políticas Regionais (até abril), Fernando Catão, pela mudança.
Alves, que é do Rio Grande do
Norte, um dos Estados beneficiados com o projeto, foi ministro do
governo Itamar Franco. Seu ministério foi responsável por um
projeto concluído em 1994. Paraíba, Pernambuco e Ceará também
se beneficiam com a transposição.
O projeto de Alves retira 70 m3
por segundo das águas do São
Francisco. Desse total, 25 m3
abastecerão açudes e rios secos do
Ceará; Paraíba, Pernambuco e Rio
Grande do Norte ficarão cada um
com 15 m3 de água.
Depois de ficar parado por quatro anos e de mais uma seca no
Nordeste, FHC promete iniciar as
obras em 99 e concluí-las em quatro anos. Só na elaboração de estudos para o novo projeto estão sendo gastos R$ 15 milhões. As obras
estão orçadas em R$ 1,5 bilhão.
Disputa regional
Segundo Aluizio Alves, as alterações feitas por Catão iriam prejudicar seu Estado. "A Paraíba queria fazer mais um ramal de água,
deixando o Rio Grande do Norte
na dependência de receber água
do açude de Orós, no Ceará, que
leva oito anos para encher", disse.
Para Alves, a Paraíba é um dos
Estados do Nordeste mais beneficiados com obras contra as secas.
"Catão cancelou o projeto que já
estava em andamento e convenceu o presidente da República a fazer um novo projeto com priorização para o consumo humano."
"Mas isso estava previsto no
projeto anterior", diz Alves. Mas o
ex-ministro também prioriza a
utilização de águas para irrigação.
Para a Secretaria de Políticas Regionais, o projeto de Alves beneficiava o Rio Grande do Norte.
Catão nega ter beneficiado seu
Estado. Segundo ele, a inclusão de
mais um ramal no novo projeto
tem como objetivo abastecer o Cariri paraibano, uma das regiões
mais secas do Nordeste. "É um
contra-senso um projeto de abastecimento deixar sem água a região mais seca do Nordeste."
Para Catão, o projeto anterior é
uma "loucura" por não contar
com estudos detalhados sobre viabilidade de irrigação. "Não quero
que meus impostos paguem o custo de um projeto desse", diz.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|