São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2000


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SÃO PAULO
Partidos selam pacto de não questionar judicialmente propaganda na TV; lei proíbe divulgação de candidaturas
Candidatos fecham acordo anti-Justiça

KENNEDY ALENCAR
DA REPORTAGEM LOCAL

Os principais candidatos a prefeito de São Paulo fecharam um acordo informal para que nenhum deles tentasse derrubar a propaganda eleitoral do outro na Justiça.
Nesta fase da eleição, na qual é permitida por lei apenas a divulgação das idéias dos partidos, os candidatos fizeram campanha escancarada.
Esse é o entendimento do próprio TRE (Tribunal Regional Eleitoral), que avalia que a atual propaganda é irregular, segundo a Folha apurou.
O TRE, apesar de acreditar que houve o acerto entre as campanhas, não pode punir ou retirar a propaganda de um candidato por iniciativa própria.
Pela lei, apenas os partidos ou a promotoria eleitoral têm competência para encaminhar representações à Corregedoria Eleitoral contra a eventual burla às regras do atual horário político, que pertence aos partidos e não às candidaturas.
A lei prevê que o horário eleitoral começará em 15 de agosto.
Neste ano, por exemplo, não houve nenhuma representação de um partido contra o outro. Um membro do TRE acha isso, no mínimo, um sinal de que existe o pacto de não-agressão entre os políticos.
A última reclamação de um partido ocorreu em novembro do ano passado, quando o PPB questionou a presença no programa do PSDB de Geraldo Alckmin, vice-governador de São Paulo e pré-candidato tucano a prefeito.
Durante este ano, apenas a Rede Globo representou contra um candidato. Reclamou ao corregedor-eleitoral, José Mario Antônio Cardenale, do uso de imagens da TV por Maluf.
A Folha apurou que Cardenale também desconfia do acerto entre os partidos.
Reservadamente, coordenadores de duas campanhas paulistanas confirmaram o acordo oficioso. Pelo acerto, Marta Suplicy (PT), Paulo Maluf (PPB), Luiza Erundina (PSB), Geraldo Alckmin (PSDB) e Romeu Tuma (PFL) puderam vender suas propostas eleitorais nos programas e comerciais políticos sem se incomodar com eventual questionamento judicial.
Rivais mortais, petismo e malufismo trocaram mensagens de bastidor a respeito de suas atuais peças de TV. A Folha ouviu de membros das duas campanhas que não interessaria a um lado tentar derrubar a propaganda do outro.
Para o PT, quanto mais Maluf se expuser, melhor. O partido quer polarizar com ele. Na visão do PPB, é a chance de responder ao desastre da gestão de Celso Pitta. O prefeito afastado foi eleito por Maluf em 96.
Marta tem atacado de "Operação Estrela", o nome de suas propostas para a cidade. Além de se defender de Pitta, Maluf exibe depoimentos "espontâneos" pregando o seu retorno ao Palácio das Indústrias, a sede do governo municipal.
O PSDB não achou interessante comprar briga com as outras pré-campanhas. O pré-candidato Alckmin tem alta taxa de desconhecimento e está mal nas pesquisas (3% no último Datafolha). Um tucano ligado a Alckmin disse à Folha que seria mais vantajoso tentar vender o seu peixe.
Na campanha de Erundina, os auxiliares da candidata não se mostraram dispostos a entrar na Justiça contra os demais postulantes. Eles negam o acerto, mas dizem que Erundina fez campanha cedo sem ser incomodada e que não faria sentido também começar a comprar briga antes do verdadeiro jogo, o horário eleitoral que começa em agosto.


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