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SÃO PAULO
Partidos selam pacto de não questionar judicialmente propaganda na TV; lei proíbe divulgação de candidaturas
Candidatos fecham acordo anti-Justiça
KENNEDY ALENCAR
DA REPORTAGEM LOCAL
Os principais candidatos a prefeito de São Paulo fecharam um
acordo informal para que nenhum deles tentasse derrubar a
propaganda eleitoral do outro na
Justiça.
Nesta fase da eleição, na qual é
permitida por lei apenas a divulgação das idéias dos partidos, os
candidatos fizeram campanha escancarada.
Esse é o entendimento do próprio TRE (Tribunal Regional Eleitoral), que avalia que a atual propaganda é irregular, segundo a
Folha apurou.
O TRE, apesar de acreditar que
houve o acerto entre as campanhas, não pode punir ou retirar a
propaganda de um candidato por
iniciativa própria.
Pela lei, apenas os partidos ou a
promotoria eleitoral têm competência para encaminhar representações à Corregedoria Eleitoral
contra a eventual burla às regras
do atual horário político, que pertence aos partidos e não às candidaturas.
A lei prevê que o horário eleitoral começará em 15 de agosto.
Neste ano, por exemplo, não
houve nenhuma representação de
um partido contra o outro. Um
membro do TRE acha isso, no mínimo, um sinal de que existe o
pacto de não-agressão entre os
políticos.
A última reclamação de um partido ocorreu em novembro do
ano passado, quando o PPB questionou a presença no programa
do PSDB de Geraldo Alckmin, vice-governador de São Paulo e pré-candidato tucano a prefeito.
Durante este ano, apenas a Rede
Globo representou contra um
candidato. Reclamou ao corregedor-eleitoral, José Mario Antônio
Cardenale, do uso de imagens da
TV por Maluf.
A Folha apurou que Cardenale
também desconfia do acerto entre
os partidos.
Reservadamente, coordenadores de duas campanhas paulistanas confirmaram o acordo oficioso. Pelo acerto, Marta Suplicy
(PT), Paulo Maluf (PPB), Luiza
Erundina (PSB), Geraldo Alckmin (PSDB) e Romeu Tuma
(PFL) puderam vender suas propostas eleitorais nos programas e
comerciais políticos sem se incomodar com eventual questionamento judicial.
Rivais mortais, petismo e malufismo trocaram mensagens de
bastidor a respeito de suas atuais
peças de TV. A Folha ouviu de
membros das duas campanhas
que não interessaria a um lado
tentar derrubar a propaganda do
outro.
Para o PT, quanto mais Maluf se
expuser, melhor. O partido quer
polarizar com ele. Na visão do
PPB, é a chance de responder ao
desastre da gestão de Celso Pitta.
O prefeito afastado foi eleito por
Maluf em 96.
Marta tem atacado de "Operação Estrela", o nome de suas propostas para a cidade. Além de se
defender de Pitta, Maluf exibe depoimentos "espontâneos" pregando o seu retorno ao Palácio
das Indústrias, a sede do governo
municipal.
O PSDB não achou interessante
comprar briga com as outras pré-campanhas. O pré-candidato
Alckmin tem alta taxa de desconhecimento e está mal nas pesquisas (3% no último Datafolha).
Um tucano ligado a Alckmin disse à Folha que seria mais vantajoso tentar vender o seu peixe.
Na campanha de Erundina, os
auxiliares da candidata não se
mostraram dispostos a entrar na
Justiça contra os demais postulantes. Eles negam o acerto, mas
dizem que Erundina fez campanha cedo sem ser incomodada e
que não faria sentido também começar a comprar briga antes do
verdadeiro jogo, o horário eleitoral que começa em agosto.
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