São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2000


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NORDESTE
Obra de R$ 4,1 bi muda curso de rios para beneficiar Estados sem água
FHC recebe projeto de transposição

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu dar o sinal verde para a dupla transposição de águas -do Tocantins e do São Francisco. A questão será tratada hoje por FHC em reunião com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra.
"Essa questão de interligação de bacias vai se tornar corriqueira no país", afirmou Bezerra à Folha. Segundo ele, com a decisão presidencial, os dois projetos, orçados em R$ 4,1 bilhões, ganharão novo impulso.
A proposta de transposição do São Francisco, pensada há mais de 150 anos, é a que está mais adiantada. Até o final deste mês estarão prontos os projetos de viabilidade econômica e técnica, de revitalização do rio, de impacto ambiental e de inserção regional. Até julho estará concluído o projeto de engenharia.
Os canais a serem construídos possibilitarão a captação de até 64 m3 por segundo de água do São Francisco, em dois pontos diferentes de Pernambuco (Cabrobó e barragem de Itaparica). Essa água será repassada para Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.
Segundo Bezerra, serão necessários R$ 2,8 bilhões para esse projeto, que estaria concluído três anos após sua licitação. "Se tudo der certo, o prazo-limite para a licitação é fevereiro do próximo ano", afirmou o ministro.
Os estudos de pré-viabilidade da transposição do Tocantins ficaram prontos semana passada e serão apresentados a FHC nesta semana. Eles indicam que a obra ficaria em cerca de R$ 1,3 bilhão e seria executada em até sete anos -três deles para o detalhamento do projeto. Agora, os editais de licitação dos projetos de detalhamento serão lançados até o final do próximo mês.
De acordo com o projeto inicial, será possível captar entre 70 m3 e 100 m3 por segundo por meio de barragens e estações elevatórias no rio do Sono (da bacia do Tocantins) e, por canais, repassar a água para os rios Preto e Grande (da bacia do São Francisco).
"Conseguiremos colocar mais água no São Francisco do que iremos retirar com a transposição", afirmou Bezerra. Segundo ele, a obra não traz riscos para o rio Tocantins, pois ele tem vazão 12 vezes maior que o São Francisco (cerca de 25 mil m3 por segundo).
Paralelamente ao projeto técnico, o governo terá de driblar as resistências políticas à empreitada. Os Estados que já são beneficiados pelo São Francisco -Bahia, Sergipe e Alagoas- se opõem à transposição.
Para conciliar os interesses dos Estados, a Câmara criou uma comissão especial que está ouvindo políticos e técnicos contrários e favoráveis à obra.
Nessa trincheira, o principal crítico do projeto é o presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).


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