São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Ameaçado por Ciro Gomes nas pesquisas, candidato tucano faz o mais duro ataque a uma área do governo

Serra ataca política de preços da Petrobras

RAYMUNDO COSTA
ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA

No mais duro ataque feito a uma área do governo do qual foi ministro do Planejamento e da Saúde, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, criticou ontem a política de preços dos combustíveis da Petrobras, que considerou "abusiva".
Ameaçado por Ciro Gomes (PPS) na disputa pelo segundo lugar nas pesquisas de opinião -posição que levará um dos dois a disputar o segundo turno com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), até agora no primeiro lugar -, Serra subiu de tom na escala do discurso de campanha.
Serra acusou diretamente a Petrobras de embutir no preço do GLP (Gás Liqüefeito de Petróleo) um custo de transporte pelo qual efetivamente não paga. "Só com essa parte de transporte é retirado R$ 1 bilhão do consumidor. Isso não tem cabimento!".
Serra fez essas declarações após abrir um ciclo de debates com os presidenciáveis promovido pela Frente Nacional de Prefeitos, em Vitória, capital do Espírito Santo. "Acho que os aumentos que estão ocorrendo no gás e na gasolina são abusivos, porque a maior parte do gás consumido no Brasil é produzida no país. Se o preço sobe muito lá fora, não pode aumentar na mesma proporção internamente."
Segundo o tucano, o país consome 7 milhões de toneladas de GLP, das quais 5 milhões de toneladas são produzidas no país. "O nosso gasto é em reais, não em dólares. Por que eu tenho de reajustar tudo segundo os preços internacionais?", questionou. "Isso, a meu ver, é um procedimento incorreto da Petrobras, que prejudica os consumidores."
Sobre Ciro, Serra repetiu-se: "É o genérico do Collor [Fernando Collor, ex-presidente que sofreu impeachment pelo Congresso": embalagem diferente, nome diferente, mas o mesmo princípio ativo, o mesmo efeito".

Intervenção
Ao lado da candidata a vice na chapa, deputada Rita Camata (PMDB), que é capixaba, o tucano criticou o Ministério Público Federal por ter arquivado o processo de intervenção no Estado.
"Foi um erro do Ministério Público Federal, que não pertence ao governo, é independente. Uma decisão equivocada", disse. Serra pediu ao PFL capixaba para não dar legenda ao presidente da Assembléia Legislativa, José Carlos Gratz, nas próximas eleições.
"Essa investigação tem de continuar. Aqui tem traficantes que têm mandato de deputado", defendeu o tucano. "É um apelo público ao PFL: não dê legenda ao senhor Gratz, que é suspeito de comandar o tráfico aqui no Espírito Santo".
Antes da chegada de Serra, Gratz havia declarado à Folha: "Não voto em Serra nem a pau. Vou apoiar o Ciro." Mais tarde, afirmou: "Ele [Serra" é um moleque. Desafio ele e seus asseclas a provar um ato ilícito meu".
Gratz apresentou uma série de documentos solicitados à Justiça estadual e à federal relatando a não existência de ações contra ele.
O prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), afirmou: "Com essa declaração, o Serra demonstrou de que lado está. E ainda deu os nomes aos bois, coisa que muita gente tem medo".
Lucas disse que a decisão de engavetar a intervenção "deu uma injeção de ânimo" a Gratz e ao governador José Ignacio Ferreira (PTN), ex-tucano que hoje é aliado do presidente da Assembléia.


Colaborou PLÍNIO FRAGA, da Reportagem Local



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