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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Ameaçado por Ciro Gomes nas pesquisas, candidato tucano faz o mais duro ataque a uma área do governo
Serra ataca política de preços da Petrobras
RAYMUNDO COSTA
ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA
No mais duro ataque feito a
uma área do governo do qual foi
ministro do Planejamento e da
Saúde, o candidato do PSDB à
Presidência, José Serra, criticou
ontem a política de preços dos
combustíveis da Petrobras, que
considerou "abusiva".
Ameaçado por Ciro Gomes
(PPS) na disputa pelo segundo lugar nas pesquisas de opinião
-posição que levará um dos dois
a disputar o segundo turno com
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), até
agora no primeiro lugar -, Serra
subiu de tom na escala do discurso de campanha.
Serra acusou diretamente a Petrobras de embutir no preço do
GLP (Gás Liqüefeito de Petróleo)
um custo de transporte pelo qual
efetivamente não paga. "Só com
essa parte de transporte é retirado
R$ 1 bilhão do consumidor. Isso
não tem cabimento!".
Serra fez essas declarações após
abrir um ciclo de debates com os
presidenciáveis promovido pela
Frente Nacional de Prefeitos, em
Vitória, capital do Espírito Santo.
"Acho que os aumentos que estão
ocorrendo no gás e na gasolina
são abusivos, porque a maior parte do gás consumido no Brasil é
produzida no país. Se o preço sobe muito lá fora, não pode aumentar na mesma proporção internamente."
Segundo o tucano, o país consome 7 milhões de toneladas de
GLP, das quais 5 milhões de toneladas são produzidas no país. "O
nosso gasto é em reais, não em
dólares. Por que eu tenho de reajustar tudo segundo os preços internacionais?", questionou. "Isso,
a meu ver, é um procedimento incorreto da Petrobras, que prejudica os consumidores."
Sobre Ciro, Serra repetiu-se: "É
o genérico do Collor [Fernando
Collor, ex-presidente que sofreu
impeachment pelo Congresso":
embalagem diferente, nome diferente, mas o mesmo princípio ativo, o mesmo efeito".
Intervenção
Ao lado da candidata a vice na
chapa, deputada Rita Camata
(PMDB), que é capixaba, o tucano
criticou o Ministério Público Federal por ter arquivado o processo de intervenção no Estado.
"Foi um erro do Ministério Público Federal, que não pertence ao
governo, é independente. Uma
decisão equivocada", disse. Serra
pediu ao PFL capixaba para não
dar legenda ao presidente da Assembléia Legislativa, José Carlos
Gratz, nas próximas eleições.
"Essa investigação tem de continuar. Aqui tem traficantes que
têm mandato de deputado", defendeu o tucano. "É um apelo público ao PFL: não dê legenda ao
senhor Gratz, que é suspeito de
comandar o tráfico aqui no Espírito Santo".
Antes da chegada de Serra,
Gratz havia declarado à Folha:
"Não voto em Serra nem a pau.
Vou apoiar o Ciro." Mais tarde,
afirmou: "Ele [Serra" é um moleque. Desafio ele e seus asseclas a
provar um ato ilícito meu".
Gratz apresentou uma série de
documentos solicitados à Justiça
estadual e à federal relatando a
não existência de ações contra ele.
O prefeito de Vitória, Luiz Paulo
Vellozo Lucas (PSDB), afirmou:
"Com essa declaração, o Serra demonstrou de que lado está. E ainda deu os nomes aos bois, coisa
que muita gente tem medo".
Lucas disse que a decisão de engavetar a intervenção "deu uma
injeção de ânimo" a Gratz e ao governador José Ignacio Ferreira
(PTN), ex-tucano que hoje é aliado do presidente da Assembléia.
Colaborou PLÍNIO FRAGA, da Reportagem Local
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