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PT SOB SUSPEITA
Secretário afastado diz à CPI que nunca ouviu falar de esquema de propina em Santo André durante sua gestão
Ronan falava por empresários, diz Klinger
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
O secretário afastado de Serviços Municipais de Santo André,
vereador Klinger Luiz de Oliveira
Souza (PT), disse ontem à CPI
que investiga suposto esquema de
propina para financiar campanhas do PT que o empresário Ronan Maria Pinto o procurou algumas vezes para defender pleitos
que envolviam todas as empresas
de transporte coletivo na cidade.
"Nunca nomeei o Ronan como
interlocutor [das empresas de
ônibus". Mas ele vinha em nome
delas para buscar soluções comuns aos empresários de transporte, como discutir tarifas."
Em rápida entrevista após o depoimento, ele disse que foi procurado "duas ou três vezes em um
ano" por Ronan para fazer esses
pedidos pelos empresários.
Segundo o Ministério Público,
os empresários Sérgio Gomes da
Silva e Ronan, além de Klinger, teriam cobrado propina de empresários que tinham contratos com
a prefeitura, na gestão do prefeito
Celso Daniel, morto em janeiro.
Klinger não havia dado nenhuma declaração pública desde que
foi citado como um dos mentores
da suposta máfia da propina, há
22 dias, na divulgação do depoimento da empresária Rosangela
Gabrilli, da Expresso Guarará.
Na saída do depoimento, de
2h35min, disse que daria entrevista coletiva, mas o advogado
que o acompanhou, Luís Francisco Carvalho Filho, do escritório
de José Carlos Dias (ex-ministro
da Justiça), só deixou o falar por 11
minutos. No depoimento, Klinger
aparentava calma. Tomou vários
copos de água e passava a mão na
testa todas as vezes que lia alguma
resposta na "cola" que levou, de
cerca de dez páginas.
Ele disse que, enquanto secretário, tinha porte de arma, e a usava
presa ao tornozelo ou embaixo do
braço. "Nunca utilizei [a arma"
para intimidar", rebatendo acusação do irmão de Rosangela, Luiz
Gabrilli Neto, que disse à CPI sentir-se pressionado ao ver a arma
de Klinger durante reuniões.
Klinger é acusado pela promotoria de Santo André de formação
de quadrilha e concussão (extorsão praticada por servidor público). Teve sua prisão, pedida pelo
MP, negada pela Justiça.
O secretário afastado declarou
que, durante o período em que esteve na secretaria (de 1997 até
duas semanas atrás), nunca ouviu
falar sobre esquema de propina
na cidade. "Ninguém nunca ventilou desse assunto comigo."
Para Klinger, há um "conluio"
dos empresários contra ele, orquestrado pela família Gabrilli,
cuja empresa está sendo alvo de
uma auditoria da prefeitura. Ele
acredita ainda que seu nome foi
investigado pela polícia como suposto membro de uma quadrilha
que teria assassinado Celso Daniel porque o depoimento de Rosangela ao MP teria "vazado". A
ação do MP está sob sigilo.
Klinger acha que foi alvo das denúncias por várias razões. As acusações seriam "para macular o
PT" e por ele ter sido considerado
o sucessor natural de Celso Daniel
na prefeitura. Disse que, agora, só
pensa em "se defender", mas poderá processar quem o acusa.
"Com o tempo, tudo será esclarecido, mas não ressarcido."
Os vereadores questionaram o
depoente sobre como iria pagar
os advogados tendo só o salário
de vereador (cerca de R$ 4 mil
mensais). "[As despesas" Serão
arcadas por mim e farão falta no
meu pequeno patrimônio". A Folha apurou que honorários de advogados criminalistas de primeira
linha, como os contratados, não
saem por menos de R$ 60 mil.
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