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REFORMA NO AR
Proposta prevê aposentadoria integral só para atuais servidores
Planalto espera acertar na terça acordo da Previdência
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Como forma de abafar uma crise, a cúpula do governo e do Congresso convidou uma comissão
de cinco governadores para reunião na terça-feira que definirá o
texto final da emenda da reforma
da Previdência em discussão na
Câmara dos Deputados.
Os governadores ainda calculam o custo para os seus Estados
da integralidade (manutenção do
último salário dos atuais servidores ao se aposentarem) e da paridade (a garantia de reajustes salariais iguais entre inativos e servidores da ativa).
Mas o comando do governo de
Luiz Inácio Lula da Silva dá como
acertada a chancela ao acordo
costurado nesta semana em Brasília entre os líderes partidários e
representantes do Judiciários e de
entidades de servidores públicos.
Em troca da concordância dos
Estados com a integralidade e a
paridade, o governo federal assegura a não modificação da cobrança de contribuição previdenciária dos inativos a partir da parcela do benefício que exceder a R$
1.058, item considerado essencial
para as finanças estaduais.
Foi rejeitada pelo governo a manutenção do salário integral na
aposentadoria dos servidores que
entrarem para o funcionalismo
após a promulgação da emenda
da reforma da Previdência.
"O tema está colocado com uma
força muito maior do que duas semanas atrás. O relator tende a
aceitar a paridade e a integralidade para os atuais servidores", afirmou ontem, em São Paulo, o presidente da Câmara, deputado
João Paulo Cunha (PT-SP).
O petista espera conseguir aprovar a reforma na última semana
de julho, na comissão especial da
Câmara que analisa a emenda. O
texto seria levado ao plenário em
meados de agosto.
"Foi um erro não ter ouvido antes os governadores. Erro que será
superado na reunião de terça-feira, porque não vamos adotar a tática do confronto", afirmou João
Paulo Cunha.
A comissão de cinco governadores -Aécio Neves (PSDB-MG), representando o Sudeste;
Germano Rigotto (PMDB-RS), o
Sul; Vilma Maia (PSB-RN), o
Nordeste; Marconi Perillo (PSDB-GO), o Centro-Oeste; e Eduardo
Braga (PPS-AM), o Norte- foi
convocada para a reunião após as
críticas de diversos Estados por
não terem sido consultados pelas
lideranças do Congresso sobre as
mudanças no projeto original enviado pelo governo.
Desde anteontem, Cunha e o
ministro-chefe da Casa Civil, José
Dirceu, mantiveram contatos
com os governadores tentando
contornar a insatisfação e, ao
mesmo tempo, comprometê-los
com o acordo desenhado pelos líderes partidários.
Dirceu e Cunha ligaram, por
exemplo, para o governador de
São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB) para convencê-lo de que a
integralidade não prejudica o Estado. O secretário estadual da Casa Civil, Arnaldo Madeira, recebeu os cálculos dos técnicos de
Previdência do governo ontem e
pretende checá-los até terça-feira.
O ministro da Casa Civil e o presidente da Câmara conversaram
separadamente com o ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda),
informando o que se negociava
com os governadores. Afirmaram
que a economia para o Tesouro
com a reforma da Previdência ficaria na casa de R$ 50 bilhões até
2023, R$ 2 bilhões a menos do que
o previsto inicialmente.
Na quarta-feira, o deputado José Pimentel (PT-CE), relator da
Previdência, apresentará ao plenário da Câmara seu texto, já englobando as propostas acordadas.
A espera do sim dos governadores à integralidade e à paridade
deve esvaziar a reunião do Diretório Nacional, a segunda maior
instância partidária, que se realiza
hoje e amanhã.
A pauta de convocação do Diretório prevê o fechamento de questão pelo PT a respeito das propostas de reforma tributária e previdenciária. Como até terça-feira o
governo ainda negociará os temas
mais polêmicos, o PT deve se ater
às questões em que há consenso.
"É prudente estabelecer as condições gerais. Tomar uma decisão
que depois possa vir a ser desmentida pela realidade pode não
ficar bom", disse João Paulo.
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