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Aécio diz que governo é sua própria oposição; Alckmin vê "retrocesso"
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
Os governadores tucanos Aécio
Neves (Minas Gerais) e Geraldo
Alckmin (São Paulo) criticaram
ontem o que chamaram de falta
de um posicionamento firme do
governo federal em relação à proposta da Previdência.
Na avaliação de Alckmin, a situação é "temerária" e coloca em
risco o projeto inicial para a Previdência. Aécio, por sua vez, acredita que houve uma precipitação
por parte do governo federal.
"Acho temerário porque, no
primeiro embate, já houve um recuo. A reforma demanda duas votações na Câmara e duas no Senado, não tem uma tramitação fácil,
por isso precisamos ter cuidado e
estar muito firmes em relação à
vontade política de fazer a reforma", afirmou Alckmin, que chamou de "retrocesso" a possível alteração do projeto original.
O retrocesso, segundo o governador paulista, é a possibilidade
de o governo encampar algumas
reivindicações dos servidores, como a integralidade da aposentadoria para os novos funcionários.
"É injusto socialmente porque
são exatamente os trabalhadores
de menor renda que acabam financiando os salários mais altos.
Estabelecer integralidade para todos, inclusive para os novos servidores, é um retrocesso."
Para o governador mineiro, o
próprio Executivo fez o papel que
deveria ser atribuição da oposição. A Agência Folha apurou que
Aécio considera que o governo
agiu de forma afoita, negociando
ele próprio a estrutura da reforma, quando o discurso inicial era
de intocabilidade dos pontos essenciais do projeto.
Aécio considera que a negociação em torno de algumas propostas seja inevitável, pois faz parte
do jogo político. Mas esse pontapé inicial, avalia, deveria partir da
oposição dentro do Congresso
Nacional. "A preocupação maior
é que, no início das pressões, as
concessões tenham sido feitas
unilateralmente."
Ele disse que o governo deve resistir nos pontos considerados estruturais. "Não se fazem reformas
como essas sem contrariar interesses", disse o mineiro.
Aécio e Alckmin conversaram
ontem com o ministro José Dirceu (Casa Civil) e com Antonio
Palocci Filho (Fazenda). Essas
conversas levaram o governador
mineiro a concluir que "houve
uma recoordenação do processo"
por parte do governo federal.
Possível corte
O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), acredita
que a flexibilização orçamentária,
proposta pelo governo na reforma tributária, não vá resolver o
problema do "engessamento" das
contas dos Estados. "A razão é
que o que sobra após tiradas as
despesas obrigatórias com saúde,
educação, transferências para
municípios e pagamentos de dívidas e salários é quase nada."
"Então, não adianta flexibilizar
os 20%, pois é 20% de quase nada." O governador defende que a
proposta anterior seja mantida.
O governador Blairo Maggi
(PPS-MT) disse ontem que, se a
reforma da Previdência não for
aprovada com a proposta inicial,
o Estado deverá demitir servidores e enfrentará falta de pessoal.
Maggi explica que o corte no
número de servidores será necessário em razão da LRF (Lei de
Responsabilidade Fiscal).
O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique (PMDB), disse
que as reformas agora devem
atrasar. "Como a proposta original foi um pacto entre governo federal e Estados, as alterações devem passar por um amplo debate
com os governadores."
Segundo Luiz Henrique, "os
parlamentares serão sensíveis aos
argumentos do governo de que
sem as reformas a crise social vai
se aprofundar".
De acordo com o governador,
será baseado nas reformas originais que o Congresso vai propor
alterações. Governo federal e Estados devem convencer os parlamentares a não mudar a essência.
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