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REFORMA NO AR
Ministros avaliam que não se justifica manter paridade e aposentadoria integral para novos funcionários
Governo rejeita concessão a futuro servidor
RANIER BRAGON
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo menos a um consenso a cúpula do governo chegou ontem:
não tem cabimento admitir na reforma da Previdência concessões
voltadas para os futuros servidores públicos, como a aposentadoria integral e com direito aos reajustes salariais do pessoal da ativa.
Segundo a Folha apurou, essa
avaliação une os ministros José
Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci Filho (Fazenda). Argumenta-se que manter tais vantagens
para os atuais servidores ainda
pode ser justificável pelos direitos
adquiridos, mas estendê-las aos
futuros funcionários desmoraliza
os objetivos da reforma.
Apesar do entendimento, nada
será tratado como definitivo. O
Planalto está escaldado por sucessivos recuos nas negociações em
torno da Previdência e não quer
se arriscar a ter de voltar atrás novamente em razão de futuras
pressões. No entanto, a rejeição às
concessões para os futuros servidores já é sinalizada pelo relator
da reforma da Previdência na Câmara, José Pimentel (PT-CE).
Ele cita a oposição dos governadores e, embora diga não fazer
juízo de valor, afirma que a concessão aos novos servidores alteraria a "essência" da proposta original. Os benefícios, se acatados,
seriam mantidos apenas para os
atuais servidores. "Nesse caso [a
integralidade e paridade aos futuros servidores] altera a essência
do projeto", afirmou.
A reforma que o governo apresentou ao Congresso no final de
abril prevê o fim da integralidade
e da paridade, mas pressão do Judiciário levou o governo a rever
sua posição e tentar um acordo.
Pimentel não diz diretamente o
que pretende incluir em seu parecer, que será apresentado na
quarta-feira, mas deu pelo menos
três sinais de que é difícil estender
ao futuro funcionalismo possíveis
concessões feitas aos atuais.
O primeiro é o da alteração da
"essência" da proposta -que
prevê um teto complementado
por meio de fundos. Se houver integralidade e paridade para os
atuais servidores, o relator diz que
não há quebra da proposta original, já que o gasto maior seria
compensado pelo aumento da
idade mínima de aposentadoria.
O segundo sinal surge da afirmação de que os governadores
consultados por ele se posicionaram contrários à idéia: "Parte deles [governadores] colocaram entraves para [a concessão a] os
atuais, mas a posição fechada, de
muita resistência, é de oposição à
paridade e à integralidade para os
futuros servidores", disse. O presidente Lula e o ministro José Dirceu já afirmaram que qualquer alteração na reforma terá que passar pelo crivo dos governadores.
O terceiro sinal partido do relator é o de que, segundo ele, todos
os cálculos de impacto sobre as
contas da Previdência com as
possíveis alterações na reforma só
estão sendo feitos levando em
conta modificações projetadas
para o atual funcionalismo. "Os
cálculos são para os atuais, para
os futuros não temos condições
de fazer esses cálculos", afirmou.
O fato é que há resistência dentro do governo e na própria base
aliada em relação a conceder aos
futuros servidores a garantia de
salário integral na aposentadoria
e reajuste paritário com o funcionalismo da ativa. Apesar disso, o
Judiciário e as entidades representativas dos servidores continuam pressionando para que as
concessões sejam tanto para os
atuais quanto para os futuros.
Pimentel deu a entender também que, fechado um acordo em
torno das mudanças discutidas
atualmente, os demais pontos da
reforma serão mantidos, incluindo a cobrança de contribuição
previdenciária para a faixa salarial
dos inativos que ultrapassar R$
1.058. Segundo ele, o aumento
dessa faixa inviabilizaria o ganho
arrecadatório para os Estados.
Outro ponto que deve ser mantido é o do redutor do benefício
para aqueles servidores que decidirem se aposentar antes da idade
mínima prevista. Para cada ano
que faltar para a idade mínima, o
salário do benefício seria reduzido em 5% em relação ao salário da
ativa, o que obedeceria a um limite de sete anos (35%).
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