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SÃO PAULO
Decisão atinge 7 "laranjas"
Juiz quebra sigilo de 26 suspeitos de desvio
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz Luís Paulo Aliende Ribeiro, da 4ª Vara da Fazenda Pública
de São Paulo, decretou a quebra
de sigilo bancário de 26 pessoas físicas e jurídicas suspeitas de terem participado de operações de
lavagem do dinheiro que teria sido supostamente desviado da
construção da avenida Água Espraiada, em São Paulo.
A decisão foi proferida no mês
passado, mas somente se tornou
pública ontem. A medida atinge
as contas de sete "laranjas", 14
empresas "fantasmas", um doleiro, dois bancos e duas casas de
câmbio paraguaios.
O pedido da quebra de sigilo foi
feito pelo promotor Silvio Antonio Marques, que, com os dados
bancários, espera comprovar que
o dinheiro supostamente desviado da construção da avenida
Água Espraiada foi parar em contas bancárias que seriam mantidas pelo ex-prefeito paulistano
Paulo Maluf em Genebra (Suíça) e
na ilha de Jersey, um paraíso fiscal
britânico no canal da Mancha.
A assessoria de imprensa do ex-prefeito Paulo Maluf declarou ontem que ele não possui contas
bancárias na Suíça nem na ilha de
Jersey. A assessoria de Maluf afirmou ainda que as contas da administração do ex-prefeito foram
aprovadas com louvor pelo TCM
(Tribunal de Contas do Município) de São Paulo.
De acordo com o Ministério Público, dos R$ 800 milhões gastos
na construção da avenida Água
Espraiada, cerca de R$ 550 milhões teriam sido desviados.
Mendes Júnior
Além disso, segundo o Ministério Público, a construtora Mendes
Júnior, responsável pela obra durante a gestão de Paulo Maluf na
prefeitura (1993-1996), teria pago
mais de US$ 195 milhões a 12 subempreiteiras tidas como "fantasmas" pelo Ministério Público,
no mesmo período em que recebia pagamentos do município.
A assessoria de imprensa da
construtora Mendes Júnior informou ontem que a empresa não se
manifestaria sobre essa questão
porque o caso está na Justiça. A
assessoria informou ainda que a
empresa sempre agiu de acordo
com as leis brasileiras.
Os responsáveis pelos bancos e
casas de câmbio paraguaios não
foram localizados pela Folha ontem à noite. As 14 empresas "fantasmas" mencionadas na decisão
do juiz Luís Paulo Aliende Ribeiro
não têm representantes identificados. Os sete "laranjas" citados
também não foram encontrados
pela reportagem para comentar a
decisão. Alguns deles estão sendo
procurados pela Justiça há mais
de cinco anos, mas até hoje não
foram localizados.
Subempreiteiras
As 12 subempreiteiras, cujos sigilos bancários foram quebrados
pela Justiça no ano passado, fizeram transferências para "laranjas" e empresas "fantasmas". Esses mesmos "laranjas" e "fantasmas" também teriam sido utilizados pelo esquema de desvio de dinheiro público por meio da negociação de títulos públicos emitidos para o pagamento de precatórios (dívidas já reconhecidas pela
Justiça).
Essas pessoas aparecem como
depositantes em contas CC5 (de
não-residentes) mantidas no Brasil pelos bancos e casas de câmbio
paraguaias, que remeteram os recursos para outras contas, no Banestado de Nova York. Segundo
investigação da Polícia Federal, o
Banestado remeteu US$ 30 bilhões para sua agência de Nova
York, que podem ter sido objeto
de "lavagem" de dinheiro.
Laudo da PF mostra que existe
uma conta chamada "Campari"
no MTB Bank de Nova York, que
recebeu depósitos de mais de US$
36 milhões. Também existem
inúmeras referências a transações
realizadas em benefício de Maria
Rodrigues, titular de uma conta
bancária no UBP (Union Bancarie Privee) de Genebra.
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