DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A solidariedade das centrais sindicais presentes ontem no Planalto não se limitou a apoio político ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo apelou a cuidados com a proteção espiritual do presidente, presenteando-o com um "kit descarrego" da Bahia.
Os sindicalistas disseram que a crise também é causada por "coisa feita" e deram a Lula uma figa de Oxu, uma carranca de São Francisco, sabonetes de arruda -para os banhos antes de sair- e de sal grosso -para a volta, "antes mesmo de abraçar dona Marisa".
O presidente ficou sério durante quase toda a cerimônia, evitando demonstrar agrado durante os discursos fervorosos de líderes sindicalistas, com ataques a antecessores, oposição e imprensa. Para os sindicalistas, a atual crise é fruto de uma campanha de difamação.
"Não ousem tentar derrubar o operário do poder no Brasil", disse o presidente em exercício da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Wagner Gomes. O sindicalista, filiado ao PC do B de São Paulo, falou que "figuras responsáveis por deixar o país nessa situação estão posando de bonzinhos".
Antônio Neto, presidente da CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), culpou a imprensa e disse ainda que "a elite raivosa vai ter que engolir [o governo Lula]".
Cerca de mil sindicalistas lotaram o Salão Nobre do Planalto, apesar do boicote de três importantes centrais -Força Sindical, CAT (Confederação Autônoma dos Trabalhadores) e SDS (Social Democracia Sindical), que não compareceram alegando que seriam usados como "claque" do governo.
Em 18 minutos de discurso, Lula foi interrompido 15 vezes por aplausos.
Os sindicalistas gritavam palavras de ordem como "Lula é nosso amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo" e, em clima de campanha, "um, dois, três, é Lula outra vez".
Lula sentou entre o ainda ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, e o futuro titular da pasta, Luiz Marinho, presidente da CUT, entidade que organizou o evento. (AF e EDS)


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