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PREVIDÊNCIA
Ex-ministro e Delúbio Soares cobrariam da entidade para serem omissos na fiscalização de empresas fluminenses
Fiscal presa acusa Dirceu de receber propina da Firjan
DA SUCURSAL DO RIO
Presa em maio deste ano sob a
acusação de integrar uma quadrilha de fraudadores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), a
auditora fiscal Maria Auxiliadora
de Vasconcellos disse, em conversa telefônica gravada pela Polícia
Federal em agosto de 2004, que o
então ministro José Dirceu (Casa
Civil) e o então tesoureiro do PT,
Delúbio Soares, recebiam uma
"mensalidade" da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do
Rio de Janeiro) em troca de omissão da Previdência na fiscalização
de empresas ligadas à entidade.
Na gravação, divulgada ontem à
noite no "Jornal Nacional", da TV
Globo, Vasconcellos diz que o esquema começou quando Waldeck Ornélas, do PFL baiano, era
ministro da Previdência (1998 a
fevereiro de 2001), e foi mantido
pelo atual governo. Todos os citados negaram à Globo participar
do esquema mencionado por ela.
Vasconcellos foi libertada há 15
dias, graças a um habeas corpus.
Seu advogado, Gentil Silva Júnior,
disse à Folha que sua cliente já
afirmou em juízo não ter provas
do que disse. Segundo Silva Júnior, ela teria apenas reproduzido
comentários que teria ouvido no
Sinsera (Sindicato dos Servidores
da Linha de Arrecadação do INSS
no Rio de Janeiro).
A auditora fundou e presidia o
Sinsera, entidade que não é reconhecida pelo Sindicato dos Auditores Fiscais do Rio de Janeiro
(Sindifisp-RJ).
A conversa de Vasconcellos,
travada com outra auditora do
INSS, Maria Teresa Alves, envolve
também o ex-ministro da Previdência Amir Lando, senador pelo
PMDB-RO, que
ficou no cargo de
janeiro de 2004 a
março deste ano,
quando foi substituído por Romero
Jucá (PMDB).
Vasconcellos relata uma conversa
que teria tido com
Amir Lando, no
qual o então ministro teria confirmado saber do esquema.
"...Ele disse, na
realidade, que
acontece o seguinte: "Eu, no Rio de
Janeiro não vou
mexer [no suposto esquema],
porque eu me comprometi a não
mexer no Rio de Janeiro. O Rio de
Janeiro tem um contrato com a
Firjan'", diz ela na fita.
Em seguida, fala da suposta
mensalidade: "A Firjan dá uma
mensalidade, e quem dá [recebe]
é o Delúbio de Souza, sei lá, Soares, para as empresas não serem
fiscalizadas. Mas ele [Lando] sabe
que existe esse contrato com a Firjan" (veja transcrição completa
nessa página).
Em outro trecho, Vasconcellos
menciona José Dirceu e afirma
que o suposto "contrato" com a
Firjan foi fechado ainda no governo FHC.
Na época da prisão de Vasconcellos, a Firjan já havia sido mencionada pelo procurador federal
que investiga o caso, Fábio Aragão. A participação da auditora
na suposta quadrilha, segundo a
Procuradoria, era fazer contatos
com pessoas da entidade empresarial para que esta indicasse empresas interessadas em "apagar"
multas do sistema do INSS. Na
época, a Firjan negou ter conhecimento do fato.
Ontem, o procurador Fábio
Aragão disse à TV Globo que as
denúncias são "muito graves" e o
MP está "tomando as medidas cabíveis para apurá-las".
O advogado da auditora Maria
Teresa Alves, Nélio Andrade, afirmou que sua cliente apareceu nas
gravações por acaso, já que era colega de Auxiliadora. Mas que o suposto esquema era "voz corrente"
na fiscalização do INSS no Rio.
Segundo ele, Teresa nunca foi
acusada de envolvimento em
fraude: "Ela é uma servidora séria".
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