São Paulo, sábado, 12 de julho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Sinto muito

Em encontro com Gilmar Mendes na noite de quinta, o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, procurou isentar a cúpula da corporação e o Ministério da Justiça de responsabilidade por eventuais abusos cometidos na Operação Satiagraha. "É lamentável, mas não temos controle sobre esse processo", afirmou Corrêa, segundo relato do presidente do Supremo, que qualificou a conversa como "muito cordial". "A operação se autonomizou", teria dito Corrêa.
A visita se deu após telefonema de Mendes a Tarso Genro, motivado pelo aviso da vice-presidente do TRF de São Paulo, Suzana de Camargo Gomes, de que o gabinete do ministro fora monitorado pela PF. "Houve abuso de novo", disse Mendes a Tarso". "Não é possível", respondeu o titular da Justiça.



Joio e trigo 1. O ministro do STF Marco Aurélio Mello defende a atuação da PF: "Não é por alguns pecadilhos que se deve promover a excomunhão de um trabalho que, como um todo, faz bem ao país".

Joio e trigo 2. Mello cita como "pecadilho" da Operação Satiagraha o fato de os policiais "terem se feito acompanhar por uma emissora de TV em diligência realizada nas primeiras horas da manhã", algo que o ministro considera "abusivo e injustificável".

Fica frio. O chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, pensou em interromper as férias na esteira da revelação do teor de suas conversas com o ex-deputado petista Luiz Eduardo Greenhalgh, que defendia os interesses de Daniel Dantas no governo. Foi aconselhado, porém, a completar o período de descanso, que acaba na segunda.

Amigão. De Greenhalgh sobre o chefe-de-gabinete de Lula, no depoimento à CPI dos Bingos, em outubro de 2005: "Falo com Gilberto Carvalho dia sim, dia não".

Abafa o caso 1. A Comissão de Ciência e Tecnologia reclamava da demora de resposta do Itamaraty até descobrir, ontem, que o pedido de apuração da denúncia de que a Telecom Italia pagou propina a deputados jamais saíra do gabinete do procurador da Câmara, Alexandre Santos (PMDB-RJ). Dormia ali desde 8 de novembro de 2007.

Abafa o caso 2. Ligado ao grupo de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Santos era membro da Comissão de Ciência e Tecnologia no período das denúncias. Cobrados anteontem pela presidência da Câmara, assessores do deputado entregaram o parecer com oito meses de atraso.

Curto-circuito. Submetido à fritura do PMDB ora em fogo brando, ora em temperatura máxima, José Gomes Temporão acaba de perder colaborador antigo, vindo da Fiocruz. Secretário de Atenção à Saúde, José Carvalho de Noronha se demitiu após desentendimento com o ministro.

Eu não. Geddel Vieira Lima (Integração) nega ter pedido a demissão de Gustavo Moura, diretor-geral da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira. Reinhold Stephanes (Agricultura) assume responsabilidade pela a decisão, fruto de "estresse" após cinco anos. "É um grande produtor, mas havia rejeição."

Relâmpago. Vice na chapa de Marta Suplicy (PT), Aldo Rebelo (PC do B) se apresenta no site: "em novembro de 2006, assumiu a Presidência da República por dois dias".

Oração. A coordenação de campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) testa hoje e amanhã um dos modelos preferidos de agenda do candidato para os finais de semana: visitará quatro eventos religiosos, entre missas e cultos, e priorizará a periferia da zona sul.

Não é pra já. Após o Senado iniciar debate sobre a inelegibilidade de candidatos com ficha suja, Marco Maciel (DEM-PE) passou a receber 600 e-mails por dia. O senador responde que qualquer mudança só valerá para 2010.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Lula tem razão. Infelizmente, só não caíram o Waldomiro, os mensaleiros e os aloprados."
Do líder do DEM no Senado, JOSÉ AGRIPINO MAIA (RN), em resposta ao presidente, que, ao defender a operação Satiagraha, disse que "quem vive de picaretagem um dia cai".

Contraponto

Tantas emoções

A prisão de Daniel Dantas tumultuou a ida de Hélio Costa à Câmara, na quarta, para falar sobre TV por assinatura. Diante da pressão sobre o ministro das Comunicações, José Carlos Araújo (PR-BA) fez uma questão de ordem para tentar desviar o foco da operação que atingiu o banqueiro. Ivan Valente (PSOL-SP) não perdoou:
-Exijo que o sr. diga o motivo da questão de ordem!
-O sr. precisa de um Lexotan-, rebateu Araújo, que, ato contínuo, foi buscar um copo de água para o colega.
Espantado, Hélio Costa esticou o pescoço para ver se Araújo havia de fato trazido o comprimido e comentou:
-Puxa, aqui as coisas têm mesmo emoção...


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