|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INVESTIGAÇÃO
Procuração permitiu movimentação de verbas para fórum
Comissão pretende cobrar explicação de Luiz Estevão
da Sucursal de Brasília
O senador Luiz
Estevão de Oliveira
(PMDB-DF) terá de
explicar à CPI do
Judiciário por que
omitiu a existência
de uma procuração que dava à
empresa Saemco, de sua propriedade, poderes para movimentar a
conta bancária em que eram depositados os recursos públicos
para a construção do Fórum Trabalhista de São Paulo.
Estevão, que depôs de surpresa
na CPI na véspera do recesso parlamentar, havia confirmado a
existência de procurações que
permitiam a suas empresas movimentar a conta bancária em que a
Ikal Construções, responsável pela obra do fórum, recebia recursos, também públicos, para obras
em Pernambuco.
O empresário Fábio Monteiro
de Barros Filho, dono da Ikal e da
Incal Incorporações, empresas
que receberam a obra do fórum
sem participar da licitação, disse
em seu depoimento que as procurações referentes às obras de Pernambuco eram garantias a empréstimos feitos no Banco OK,
também de Estevão.
Segundo o empresário, Estevão
ajuda seu grupo desde que seus
bens e contas bancárias foram
bloqueados por decisão do Ministério Público de São Paulo, que o
acusa de enriquecimento ilícito.
A nova procuração, revelada
pelo jornal "Correio Braziliense",
dava amplos poderes à Saemco
para movimentar por um ano a
conta em que o TRT-SP depositava dinheiro para a obra do fórum.
Além das procurações, a CPI já
havia localizado depósitos da Ikal
a empresas de Estevão.
Para o relator da CPI, senador
Paulo Souto (PFL-BA), a nova
procuração "evidentemente liga
(Luiz Estevão) às empresas". No
entanto, diz, é preciso aguardar a
explicação que as empresas de Estevão darão à Receita Federal.
Já o senador José Eduardo Dutra (PT-SE), autor de um requerimento de convocação de Estevão
que não chegou a ser votado, considera que o peemedebista omitiu
informações.
"Ele foi categórico ao afirmar
que seus negócios com Monteiro
de Barros não tinham relação
com o fórum", afirmou.
Em entrevista à Folha por telefone, Estevão disse que a procuração "mostra de forma definitiva"
que os negócios de seu grupo com
o de Monteiro de Barros são "públicos e regulares". Ele afirmou
que o empresário paulista ofereceu quatro procurações: duas das
obras de Pernambuco, uma da
obra do fórum e outra do Edifício
São Luís, em São Paulo.
"Aceitamos as duas de Pernambuco porque era onde o grupo
ainda tinha a receber", disse.
Desembargadores
Dutra afirmou que o caso dos
desembargadores Paulo Theotonio Costa e Roberto Luiz Ribeiro
Haddad, do Tribunal Regional
Federal em São Paulo, que ostentam padrão de vida superior ao
permitido por seus rendimentos,
revelado ontem pela Folha, deve
ser investigado pela CPI.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: CPIs inoperantes se arrastam na Câmara Índice
|