São Paulo, Segunda-feira, 12 de Julho de 1999
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INVESTIGAÇÃO
Procuração permitiu movimentação de verbas para fórum
Comissão pretende cobrar explicação de Luiz Estevão

da Sucursal de Brasília


O senador Luiz Estevão de Oliveira (PMDB-DF) terá de explicar à CPI do Judiciário por que omitiu a existência de uma procuração que dava à empresa Saemco, de sua propriedade, poderes para movimentar a conta bancária em que eram depositados os recursos públicos para a construção do Fórum Trabalhista de São Paulo.
Estevão, que depôs de surpresa na CPI na véspera do recesso parlamentar, havia confirmado a existência de procurações que permitiam a suas empresas movimentar a conta bancária em que a Ikal Construções, responsável pela obra do fórum, recebia recursos, também públicos, para obras em Pernambuco.
O empresário Fábio Monteiro de Barros Filho, dono da Ikal e da Incal Incorporações, empresas que receberam a obra do fórum sem participar da licitação, disse em seu depoimento que as procurações referentes às obras de Pernambuco eram garantias a empréstimos feitos no Banco OK, também de Estevão.
Segundo o empresário, Estevão ajuda seu grupo desde que seus bens e contas bancárias foram bloqueados por decisão do Ministério Público de São Paulo, que o acusa de enriquecimento ilícito.
A nova procuração, revelada pelo jornal "Correio Braziliense", dava amplos poderes à Saemco para movimentar por um ano a conta em que o TRT-SP depositava dinheiro para a obra do fórum.
Além das procurações, a CPI já havia localizado depósitos da Ikal a empresas de Estevão.
Para o relator da CPI, senador Paulo Souto (PFL-BA), a nova procuração "evidentemente liga (Luiz Estevão) às empresas". No entanto, diz, é preciso aguardar a explicação que as empresas de Estevão darão à Receita Federal.
Já o senador José Eduardo Dutra (PT-SE), autor de um requerimento de convocação de Estevão que não chegou a ser votado, considera que o peemedebista omitiu informações.
"Ele foi categórico ao afirmar que seus negócios com Monteiro de Barros não tinham relação com o fórum", afirmou.
Em entrevista à Folha por telefone, Estevão disse que a procuração "mostra de forma definitiva" que os negócios de seu grupo com o de Monteiro de Barros são "públicos e regulares". Ele afirmou que o empresário paulista ofereceu quatro procurações: duas das obras de Pernambuco, uma da obra do fórum e outra do Edifício São Luís, em São Paulo.
"Aceitamos as duas de Pernambuco porque era onde o grupo ainda tinha a receber", disse.

Desembargadores
Dutra afirmou que o caso dos desembargadores Paulo Theotonio Costa e Roberto Luiz Ribeiro Haddad, do Tribunal Regional Federal em São Paulo, que ostentam padrão de vida superior ao permitido por seus rendimentos, revelado ontem pela Folha, deve ser investigado pela CPI.


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