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DÍVIDA PÚBLICA
Bancos pedem permissão ao BC para não considerar em balanço os débitos da Prefeitura de SP
BB e Banespa querem esconder calote
da Sucursal de Brasília
O Banespa e o Banco do Brasil
pediram permissão ao Banco
Central para não considerarem
nos balanços um calote de R$
9,814 bilhões em títulos da cidade
de São Paulo, que comprometeria
a operação das instituições.
O BC estuda o pleito. Caso decida por não atendê-lo, o Tesouro
será obrigado a fazer um aporte
de capital no BB e a privatização
do Banespa ficará ameaçada.
A situação mais crítica é a do
Banespa. Há quatro meses, o município deixou de honrar parte de
títulos, vencida em 1º de março
passado, segundo balancete da
instituição. O banco paulista possui R$ 2,814 bilhões em títulos.
Segundo o diretor de Fiscalização do BC, Luiz Carlos Alvarez, o
Banespa fez um pedido para não
ter de provisionar imediatamente
montante referente à carteira de
títulos de São Paulo.
O provisionamento equivale ao
lançamento contábil de uma despesa próxima de R$ 2,814 bilhões.
A cifra consumiria todo o lucro
acumulado de janeiro a maio (R$
532 milhões) e 55% de seu patrimônio líquido (R$ 4,143 bilhões).
Uma redução do patrimônio
desta ordem comprometeria o
funcionamento do Banespa, pois
as regras fixadas pelo BC obrigam
os bancos a observarem limites
mínimos de capitalização. A privatização do banco está prevista
para setembro ou outubro.
No pedido encaminhado ao BC,
o Banespa sustenta que os títulos
não devem ser lançados como
prejuízo porque está em curso
uma negociação entre a União e o
município para federalização da
dívida. O BB fez um pedido semelhante ao BC. A instituição possui
R$ 6 bilhões em títulos de São
Paulo, parte vencida em junho.
O BB quer que o BC autorize o
provisionamento dos títulos somente 60 dias após a inadimplência. Para tanto, reivindica que os
papéis recebam um tratamento
semelhante ao de operações de
créditos, e não sejam adotados os
procedimentos de provisionamento de títulos públicos.
Os títulos devem ser considerados em balanço pelo valor de
mercado, segundo Alvarez. Como não foram honrados, seu valor de mercado despencou -o
que obrigaria o BB a fazer uma
provisão gigantesca.
Se os títulos forem considerados operações de crédito, o BB ganha tempo para fazer as provisões. Créditos vencidos são considerados operação em atraso durante 60 dias, sem a necessidade
da provisão. Após os 60 dias, o valor é lançado como crédito em liquidação, e a instituição é obrigada a fazer provisionamento.
Alvarez disse que há uma equipe dentro do BC analisando o assunto. "Todos têm o direito de pedir o que quiser, e o BC pode até
concordar. Mas não somos obrigados a concordar", disse.
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