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Malan rechaçou acordo com SC
DANIEL BRAMATTI
da Sucursal de Brasília
O ministro Pedro Malan (Fazenda), em novembro do ano
passado, considerou "inadmissível" a federalização da dívida do
governo catarinense com o Ipesc
(instituto de previdência estadual). A mesma dívida está agora
sendo assumida pela União.
"Essa mudança de posição não
tem sustentação técnica. O ministro foi taxativo ao afirmar que a
dívida não poderia ser federalizada", disse o deputado João Matos
(PMDB-SC).
Em novembro, Malan recebeu
em audiência todos os integrantes
da bancada federal do PMDB catarinense para discutir o assunto
-na época, o governador era o
peemedebista Paulo Afonso Vieira. Também estava presente o então secretário do Tesouro, Eduardo Guimarães.
"Eles rechaçaram qualquer possibilidade de negociação. Alegaram que (a federalização) abriria
um precedente perigoso, pois todos os Estados exigiriam a mesma
coisa e a União teria de arcar com
uma dívida de R$ 30 bilhões", disse Marco Aurélio Dutra, que à
época era secretário da Fazenda
de Santa Catarina.
A dívida catarinense está sendo
federalizada agora graças a acordo político do governador Esperidião Amin (PPB) e do presidente
do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Os detalhes da operação não foram acertados no Ministério da
Fazenda, mas no Palácio da Alvorada, no mês passado, em reunião
entre FHC, Amin, Bornhausen,
Malan e outros integrantes da
equipe econômica.
Depois do acordo, Bornhausen
parou de insistir no refinanciamento, pela União, de R$ 540 milhões em títulos bloqueados do
governo catarinense. Os títulos,
considerados irregulares pela CPI
dos Precatórios, foram emitidos,
mas não chegaram ao mercado.
Segundo Amin, a dívida em
processo de federalização é de R$
670 milhões. Há dúvidas, porém,
sobre o real valor do débito.
Em maio, o deputado estadual
Herneus de Nadal (PMDB-SC)
encaminhou ao governador um
pedido oficial de informações sobre o valor da dívida com o Ipesc.
No dia 18 de junho, Amin encaminhou à Assembléia Legislativa
um documento afirmando que a
dívida não estava contabilizada
no balancete do Ipesc de 1998.
O documento, assinado pelo diretor administrativo e financeiro
do Ipesc, diz que "a impossibilidade do registro contábil decorre
da falta de item orçamentário do
orçamento do Ipesc de 1998".
A Folha ligou na sexta para a assessoria de imprensa de Malan e a
informou sobre os comentários
de João Matos e do ex-secretário
da Fazenda de Santa Catarina,
mas não obteve retorno.
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