São Paulo, Segunda-feira, 12 de Julho de 1999
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PRIVATIZAÇÕES
Para a equipe econômica, clima de incerteza no mercado financeiro derruba otimismo anterior
Governo decide adiar venda de estatais

VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília

A equipe econômica decidiu adiar a privatização de algumas empresas neste ano porque considera que o clima do mercado financeiro ainda é de incerteza.
A avaliação do governo é que as estimativas anteriores estavam muito otimistas, apurou a Folha.
Se essa avaliação persistir, outras empresas poderão ter sua venda prorrogada. Na última segunda-feira, quando anunciou a redução na estimativa de receita com privatização, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Amaury Bier, não deu detalhes sobre essa revisão.
Bier disse apenas que ficarão para ser privatizadas no próximo ano a maioria das empresas federais de energia elétrica -exceto Furnas. Também ficou para o ano 2000 a venda das ações da Petrobras que excedam o controle acionário da empresa por parte do governo federal.
Em março, quando concluiu a primeira revisão do acordo assinado no final de 1998 com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o governo previa para 1999 receita de R$ 27,836 bilhões com a privatização -sendo R$ 24,166 bilhões da União e R$ 3,670 bilhões de Estados e municípios.
Na segunda revisão do acordo, divulgada na última segunda-feira, a estimativa de receita com privatizações neste ano passou para R$ 13,211 bilhões. Ou seja, houve uma queda de 52,54%.
No caso do governo federal, a nova estimativa é de R$ 9,180 bilhões (queda de 62% em relação à previsão anterior). Já para os Estados e os municípios, a nova previsão de receita é de R$ 4,031 bilhões -aumento de 9,84% em relação à previsão de março.
Na União, a receita de privatização somou US$ 469 milhões (R$ 797 milhões) até junho. No mesmo período, Estados e municípios arrecadaram US$ 1,351 bilhão (cerca de R$ 2,2 bilhões) com a venda de três empresas estaduais.
Dados do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) mostram que foram privatizadas a Elektro e a Comgás, em São Paulo, e o Baneb (Banco do Estado da Bahia).
Ou seja, a soma das receitas de privatização de empresas federais, estaduais e municipais totaliza R$ 3 bilhões no ano. Se esse resultado for comparado com a previsão incluída no novo memorando de política econômica negociado com o FMI, a receita com privatização deve ficar em R$ 10 bilhões neste semestre.
Uma das preocupações do governo ao adiar a venda de estatais é com relação ao preço de cada empresa. Esse é o argumento usado para justificar o atraso na venda da sobra de ações da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), que deveria ter ocorrido em 1997 e está prevista para este ano.


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