São Paulo, Segunda-feira, 12 de Julho de 1999
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MILITARES
Substituto do "Minas Gerais", comprado há 39 anos, poderá ser feito no país
Marinha busca novo porta-aviões

SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

A Marinha decidiu se desfazer do histórico "Minas Gerais", único porta-aviões da frota brasileira, comprado do governo britânico há 39 anos.
O planejamento para a substituição do "Minas Gerais" já está "em fase de concepção", informou o Serviço de Relações Públicas da Marinha. Há duas opções: mandar construir um novo navio ou comprar um de segunda mão.
A Folha apurou que a principal hipótese é encomendar a construção de um novo navio a um estaleiro nacional, como fez anos atrás com duas corvetas (navios de combate usados em patrulhas e escoltas), fabricadas no Rio.
A Marinha prepararia o projeto do porta-aviões e contrataria uma companhia brasileira para construir casco, tubulações e sistema hidráulico. Como armamentos e aparelhos eletrônicos não são fabricados aqui, serão importados.
Na opinião de construtores navais ouvidos pela Folha, os custos do projeto podem chegar a US$ 1 bilhão, se o Brasil optar pelos armamentos mais modernos.
Para o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Construção Naval, Omar Peres, empresas brasileiras são capazes de fabricar o navio, desde que a Marinha apresente o projeto.
"Temos como fazer no Brasil, apesar de nunca um porta-aviões ter sido construído aqui", disse.
A opção de a própria Marinha preparar o projeto do substituto do "Minas Gerais", posteriormente contratando a construção a um estaleiro nacional, é considerada estratégica por especialistas em militarismo naval.
Nenhum país vende tecnologia de primeira linha na área militar. Se o Brasil comprar um projeto, já estará vulnerável militarmente.
A segunda hipótese estudada é a compra de um porta-aviões de segunda mão que atenda ao Plano Estratégico da Marinha e à política de defesa nacional.
O destino do "Minas Gerais" está indefinido: pode ser vendido ou sucateado (desmontado para o aproveitamento de peças).
Atualmente, o "Minas Gerais" passa por uma reforma no Rio e está sendo adaptado para operar os 23 caças comprados do Kuait há dois anos -que devem entrar em atividade em fevereiro de 2000, segundo o cronograma.
Segundo engenheiros da Marinha, a vida útil operacional do "Minas Gerais", que já passou por várias reformas -principalmente para a implantação de sistemas eletrônicos-, expirará em 2010.
A troca de um navio das dimensões de um porta-aviões exige que a Marinha defina o que fará de sete a oito anos antes da data-limite.


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