São Paulo, sábado, 12 de agosto de 2000


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TRT-SP
Ex-secretário havia negado em depoimento à subcomissão que Marcos Jorge tivesse trabalhado para a construtora
Irmão de EJ admite que atuou para a Incal

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O advogado Marcos Jorge Caldas Pereira admitiu ontem ter trabalhado para a Incal, a construtora responsável pela obra superfaturada do Fórum Trabalhista de São Paulo. Para o advogado, no entanto, não houve contradição no depoimento ao Senado de seu irmão, o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira, sobre o assunto.
Quando esteve no Senado na semana passada, Eduardo Jorge negou que seus irmãos tivessem trabalhado para a Incal. O ex-secretário-geral disse que advogados do escritório no qual seus irmãos trabalham haviam sido contratados pela Incal, mas que ninguém da família tinha participado diretamente da defesa.
Anteontem, a procuradora da República Maria Luísa Duarte apresentou à subcomissão um documento da defesa da Incal Incorporações entregue ao TCU (Tribunal de Contas da União), órgão que constatou a existência de irregularidades na obra. O documento está assinado por Marcos Jorge Caldas Pereira.
Ontem, o advogado não rejeitou o que mostra o documento, limitando-se a acrescentar que há outras assinaturas e não somente a dele na defesa entregue ao TCU. O advogado negou, no entanto, que Eduardo Jorge tenha dito à subcomissão que seus irmãos não participaram da defesa. "Não foi isso que ele disse, não. Leia direitinho (o depoimento)", afirmou Marcos Pereira.
Segundo sua versão, Eduardo Jorge disse à subcomissão que a Incal contratou "o escritório como um todo", mas não descartou a participação dos irmãos na defesa. "Vocês estão desvirtuando", afirmou o advogado.
O texto do depoimento de Eduardo Jorge transcrito pela Subsecretaria de Taquigrafia da Secretaria Geral da Mesa do Senado, o registro oficial da reunião da subcomissão, não deixa dúvidas sobre o que disse o ex-secretário.
Questionado pelo senador José Eduardo Dutra (PT-SE) a respeito da relação de seus irmãos com a Incal, Eduardo Jorge respondeu: "Hoje eu tenho conhecimento, porque saiu nos jornais. Na época, não tive conhecimento e é um pouco diferente. Um escritório de advocacia é uma sociedade civil de trabalho, onde há vários advogados que têm seus clientes e que dividem um pouco da receita para a manutenção comum do escritório. Os advogados da Incal não eram meus irmãos. Eram dois sócios do escritório, mas não eram meus irmãos".
Questionado a respeito de detalhes sobre o trabalho que prestou à Incal, Marcos Pereira disse ontem que não podia falar mais, pois precisava atender a um cliente, e pediu que o contato telefônico fosse refeito mais tarde.
No horário marcado, sua secretária informou que ele não estava no escritório.
O irmão de Eduardo Jorge não retornou o recado deixado pela reportagem com sua secretária até o fechamento desta edição.



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