São Paulo, sábado, 12 de agosto de 2000


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Procuradores querem acelerar rastreamento

JULIA DUALIBI
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Federal espera que, após o depoimento prestado por cinco procuradores da República ao Senado, seja acelerado o rastreamento dos recursos desviados da construção do Fórum Trabalhista de São Paulo.
O pedido de rastreamento das ordens bancárias feitas pela construtora Incal, responsável pela obra, foi feito há um ano e oito meses e, segundo os procuradores da República, os dados são insuficientes para que a investigação prossiga.
"Para que o Ministério Público Federal consiga a prova do desvio de verbas da obra do TRT e descubra quem foi beneficiado, é necessário que siga o caminho dos recursos. Isso só será possível com o rastreamento das ordens bancárias", afirmou a procuradora Isabel Groba.
O presidente da subcomissão, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), prometeu anteontem ir pessoalmente ao Banco Central para tentar agilizar o fornecimento completo das ordens bancárias em favor da Incal.
Os procuradores afirmaram que o dinheiro, ao ser depositado na conta da construtora Incal, no Banco do Brasil, passava por várias transferências.
"Os recursos eram transferidos imediatamente para a conta da Incal Incorporação, do Banco Cidade. Em seguida, eram distribuídos para diversas contas de empresas do grupo Monteiro de Barros no Banco Cidade e em outros bancos, como o Itaú e o Safra", disse Isabel.
Segundo o procurador da República Luiz Francisco, o Banco Cidade seria o maior beneficiário das ordens bancárias emitidas pela construtora Incal. Segundo apurações da CPI do Judiciário, só em junho de 92, a Incal depositou cerca de US$ 3 milhões em contas do Banco Cidade provenientes de uma ordem de pagamento de US$ 4,8 milhões daquele mês.
A primeira quebra de sigilo bancário da construtora Incal, com extensão aos beneficiários dos recursos provenientes do TRT, foi feita em 1998. Segundo a procuradora, o rastreamento das primeiras oito ordens bancárias foi entregue ao Ministério Público Federal apenas há dois meses.
No dia 18 de julho deste ano, o Banco Central enviou outras 34 ordens bancárias.
"Ao examinar essas ordens bancárias, o Ministério Público Federal detectou que, muitas vezes, o rastreamento paralisava dentro ainda do grupo Monteiro de Barros. São incompletas e limitam a nossa investigação", afirmou Isabel Groba.
Segundo a Procuradoria, nas ordens bancárias enviadas pelo BC não há o beneficiário final dos recursos, limitando-se, muitas vezes, a citar o nome do banco beneficiado, mas não o nome do titular da conta. "É um rastreamento inexplicável", disse Isabel.



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