São Paulo, sábado, 12 de agosto de 2000


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INVESTIGAÇÃO
Acordo feito entre advogado de ex-secretário e delegado de Polícia Federal mantém declarações em sigilo
Em depoimento à PF, EJ nega acusações

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira disse ontem desconhecer a origem de gravações divulgadas há cerca de um mês pela revista "IstoÉ" com conversas atribuídas ao ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, atualmente foragido.
Por cerca de quatro horas, EJ prestou depoimento ao delegado Ulisses Francisco Vieira Mendes, da Polícia Federal de São Paulo, que foi a Brasília para ouvi-lo. Nas gravações, Nicolau afirma que EJ ajudou a liberar verbas para a obra superfaturada do Fórum Trabalhista de São Paulo.
Foi aberto inquérito para apurar a origem das fitas porque, segundo a revista, as gravações haviam sido feitas pela PF e pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Os dois órgãos negam.
O delegado se recusou a comentar o depoimento. No final da tarde, a PF divulgou que o ex-secretário afirmou não saber quem é o autor das gravações no depoimento. Ele também negou as acusações de tráfico de influência e repetiu que conversava com Nicolau sobre o perfil de juízes que seriam indicados para o TRT-SP.
O advogado de EJ, José Gerardo Grossi, que acompanhou o depoimento, também se negou a divulgar as declarações de seu cliente à polícia. Grossi disse ter feito um acordo com o delegado Mendes para evitar que o teor do depoimento se tornasse público. "A melhor coisa para a investigação é que ela tramite em segredo."
EJ entrou na PF pela porta da frente e saiu pela garagem, para evitar a imprensa. Depois, foi para a casa de parentes no Lago Sul.
Anteontem, o delegado Mendes ouviu o depoimento de Fábio Simão, assessor do senador cassado Luiz Estevão (PMDB-DF). Simão é suspeito de ter gravado as conversas do ex-juiz. Em depoimento que durou cerca de uma hora e meia, Simão disse não ter participado das gravações e se recusou a fornecer amostras de sua voz.
A PF pretendia comparar a voz de Simão com a do interlocutor do suposto juiz Nicolau. Mesmo que Simão tivesse autorizado a coleta de sua voz, ainda assim a PF não teria obtido êxito. A revista "IstoÉ" se recusou a entregar as gravações, argumentando que isso acabaria expondo quem entregou as fitas à revista.


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