São Paulo, sábado, 12 de agosto de 2000


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SEM-TETO

Polícia revista acampamento de movimento

PEDRO DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO

No dia seguinte ao protesto do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) no supermercado Bon Marché, na Barra da Tijuca (zona sul da cidade), policiais do Regimento de Polícia Montada de Campo Grande fizeram uma incursão no acampamento Araguaia, onde vivem 350 famílias de sem-teto.
De acordo com um policial, tratava-se de um "policiamento de rotina", pois a área seria centro de uma disputa entre traficantes do Comando Vermelho e do Terceiro Comando, que reivindicam os pontos tomados recentemente pelas facções rivais.
"Vocês estão entrando em área de alto risco, muitos barracos tem fuzis escondidos e ocorrem tiroteios em plena luz do dia", disse o policial militar que se identificou como sargento Abel para a equipe da Folha.
O terreno ocupado pelo MTST pertence à prefeitura e fica em frente a um conjunto habitacional com 1.500 apartamentos.
"Estamos em vivendo em área de fogo cruzado", afirmou a coordenadora do MTST, Paula Inagaki Ferreira, 23, que, segundo os moradores, foi procurada pela manhã por policiais à paisana.
A assessoria da Secretaria de Segurança Pública disse que as revistas são rotineiras e que os militantes do MTST tem acesso direto ao subsecretário de Segurança, coronel Lenine de Freitas.
Em recente estudo, a Secretaria de Segurança Pública divulgou que zona oeste da cidade é área prioritária de atuação devido ao número elevado de homicídios.
Ontem, devido aos engarrafamentos causados pela forte chuva que atingiu a cidade, não houve o encontro entre o governador Anthony Garotinho e o MTST que havia sido agendado anteontem.
Na hora marcada, às 9h30, apenas o líder Erick Vermelho estava no Palácio Guanabara. Ele se recusou a negociar sem a presença dos outros coordenadores do movimento. Um novo encontro foi marcado para quarta, às 17h.
"Não vou negociar sem os outros coordenadores dos outros acampamentos porque a fome é um problema de todas as famílias", disse Erick, que acusa o governo de fornecer apenas 250 cestas básicas para as 650 famílias dos acampamentos Araguaia e Nova Canudos, em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense).



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