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RUMO A 2002
Se vingar idéia de Fernando Henrique Cardoso de escolher nome até abril, disputa fica entre Tasso e Serra
Covas rejeita antecipar candidato aliado
KENNEDY ALENCAR
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), reagiu mal à intenção de Fernando Henrique
Cardoso de escolher até abril do
ano que vem o candidato presidencial da aliança governista para
a eleição de 2002.
Segundo a Folha apurou, FHC
não combinou o plano com Covas, que tem se mostrado contrariado com o fato de o presidente e
tucanos brasilienses o julgarem
carta fora do baralho para 2002.
Covas diz publicamente que
não deseja ser candidato, mas
seus auxiliares mais próximos
afirmam que ele não sepultou de
vez o projeto presidencial.
A depender da saúde (teve câncer recentemente) e de uma sonhada recuperação da popularidade de seu governo, Covas poderia, como em 1998, aceitar ser candidato docemente constrangido.
Naquele ano, ele disputou a reeleição depois de passar meses negando a candidatura.
Há mais um motivo para a contrariedade de Covas. Mesmo que
não seja o candidato, ele quer influir decisivamente na indicação
do nome do PSDB, partido que, a
exemplo de 1994 e 1998, deve fornecer o cabeça de chapa da coligação, seja em aliança com o PFL e o
PMDB ou com apenas uma dessas duas siglas que hoje apóiam o
governo.
Os assessores do presidente
avaliam que Covas ficou contrariado com o empenho de FHC pela reeleição. De certa forma, o presidente tirou de Covas a chance de
ser candidato. Aos 72 anos, o governador sabe das dificuldades
para isso. Se não puder disputar,
não vai querer deixar FHC definir
o plano de vôo do PSDB em 2002.
No entanto, se decidir ser candidato pelo PSDB, Covas não enfrentará resistência no partido.
FHC disse isso a interlocutores recentemente, mas em tom de
quem não crê na candidatura.
A antecipação da escolha de um
candidato, cogitada por FHC para
depois de uma reforma ministerial e da eleição dos presidentes da
Câmara e do Senado em 2001, tira
de Covas a chance de disputar, caso o queira mais tarde.
Auxiliares do governador afirmam que, do ponto de vista dele,
o ideal seria tomar uma decisão
no final do ano que vem ou no começo de 2002.
Se vingar o cronograma de
FHC, a disputa no PSDB hoje se
afunilaria entre o governador do
Ceará, Tasso Jereissati, e o ministro da Saúde, José Serra. Na última pesquisa Datafolha, Serra teve
6%. Covas, 5%. Tasso, 2%.
A Folha apurou que Tasso combinou com Covas decidir em conjunto o jogo para 2002. Tucanos
dizem que Tasso quer concorrer,
mas tem dificuldade de assumir
logo isso. Já foi dito a Tasso que,
quanto mais adiar isso, menor será a chance de desbancar Ciro.
No PSDB e no Palácio do Planalto, há dúvida quanto à disposição de Tasso de enfrentar Ciro
Gomes, o presidenciável do PPS e
um dos motivos para FHC querer
antecipar a escolha do candidato
governista a seu sucessor. Tasso é
visto como o tucano que mais estrago causaria a Ciro, talvez até tirando-o da disputa.
Com 17% ou 18% no Datafolha,
Ciro gera no Planalto o temor de
que ele se transforme no candidato da maioria do empresariado e
da mídia. Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, teve 27% no mesmo levantamento, mas não teria o mesmo grau de articulação no establishment que Ciro.
Serra, que trabalha para ser candidato a presidente (projeto preferencial) ou disputar o governo
paulista, também desejaria apressar a definição de um nome.
Apressar não significa assumir
publicamente a candidatura, mas
definir um nome a ser trabalhado
nos bastidores, especialmente
junto ao empresariado e à mídia.
Com a imagem de um bom gestor no Ministério da Saúde e a antecipação da escolha, ainda que de
maneira oficiosa, Serra conseguiria tempo para tentar se viabilizar
como a alternativa a Lula e a Ciro.
Quanto mais tarde entrar em
campo, mais tempo daria a Ciro
para se consolidar, por exemplo.
Se Tasso tem melhor trânsito no
PFL, Serra está mais próximo do
PMDB. Também poderia oferecer
o apoio de um partido forte.
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