|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REFORMA SOB PRESSÃO
Planalto tentará aprovar previdenciária sem alterações
Governo lança operação para apressar reforma no Senado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O governo planeja montar um
rolo compressor no Senado a fim
de manter sem alterações o texto
da reforma da Previdência a ser
aprovado na Câmara e assegurar,
na tributária, pelo menos a aprovação da CPMF e da DRU (Desvinculação de Receitas da União)
até o final de setembro.
Pela estratégia montada, o restante da reforma da Previdência
será votado ainda nesta semana
na Câmara, hoje ou amanhã. O
segundo turno, logo que o prazo
legal de tramitação permitir, será,
de preferência, antes do dia 20.
Enquanto isso, vota-se o relatório
da tributária na Câmara com o
mínimo de concessões possível.
No Senado, o governo jogará todo o peso de sua influência para
que o texto da reforma da Previdência não seja alterado e, assim,
não volte para novas votações na
Câmara dos Deputados, o que poderia atrasar todo o processo.
Na questão da tributária, a
aprovação até o final de setembro
da CMF (Contribuição sobre Movimentação Financeira), que
substituiria a atual CPMF -o P
da sigla é de provisório-, é vital
para que ela possa ser cobrada a
partir de 1º de janeiro, após cumprir a noventena exigida para a
cobrança de contribuições. Pelas
regras atuais, a alíquota da atual
CPMF cai de 0,38% para 0,08% no
dia 31 de dezembro. O governo
quer mantê-la em 0,38% e tornar
a contribuição permanente. O recurso à DRU não requer noventena, mas o governo quer assegurar
logo sua aprovação para melhor
planejar o Orçamento de 2004.
A estratégia foi traçada em reunião do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva com ministros e líderes governistas ontem, no Planalto, após avaliação do desempenho do governo e de sua base de
sustentação política na votação
em primeiro turno da reforma da
Previdência na Câmara.
No caso da reforma tributária, a
estratégia é diferente: tenta-se
aprovar o texto básico na Câmara.
No Senado, todo o esforço governista será para destacar e votar até
o dia 31 de setembro a CPMF e a
DRU, nos termos em que o projeto sair da Câmara.
Simultaneamente, o governo
edita medida provisória repartindo a Cide, um tributo cobrado sobre o preço dos combustíveis,
com os Estados, como foi acertado com os governadores. Talvez
inclua os municípios na partilha.
O governo concluiu que não
houve unidade na condução das
negociações e que se comunicou
mal durante o processo. Por isso,
mesmo tendo aprovado a proposta, sofreu um desgaste desnecessário que quer agora evitar, a partir da votação em segundo turno
da previdenciária na Câmara.
Exemplo: a exigência para que
os novos fundos de Previdência
complementar sejam por "contribuição definida" teria sido uma
vitória do governo que compensaria todas as concessões. Segundo relato de um dos presentes à
reunião, o entendimento de todos
foi o de que o texto atual ficou melhor do que o enviado pelo Executivo em 30 de abril.
Para começar, a palavra de ordem é unificar o discurso governamental. Concessões, só no limite. De imediato, o projeto do Planalto é tentar recompor o núcleo
da base de sustentação política,
especialmente em partidos que se
rebelaram, como PC do B e PDT,
e "aparar arestas" em aliados como o PMDB, que contribuiu com
45 votos de seus 67 deputados.
Participaram da conversa com
Lula os ministros Antonio Palocci
Filho (Fazenda), José Dirceu (Casa Civil), Luiz Dulci (Secretaria
Geral) e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo), além dos líderes no Congresso.
O problema para o governo é
que três medidas provisórias
trancam a pauta da Câmara. Segundo Aldo Rebelo (PC do B-SP),
líder do governo na Casa, já há
um bom entendimento para que
elas sejam votadas na manhã de
hoje, por meio de acordo. Se isso
acontecer, as pendências da reforma irão a voto hoje à noite.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Senadores criticam texto votado pela Câmara e propõem mudanças Índice
|