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Senadores criticam texto votado
pela Câmara e propõem mudanças
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Contrariando a expectativa do
governo e do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de
que a reforma da Previdência será
facilmente aprovada na Casa, senadores de vários partidos, inclusive do PT, criticaram o texto que
deverá sair da Câmara dos Deputados e defenderam mudanças.
Para o vice-presidente do Senado, Paulo Paim (PT-RS), a reforma aprovada em primeiro turno
na Câmara não reflete a opinião
dos 81 senadores, que devem divergir sobre questões como tributação dos inativos e regras de
transição. Segundo ele, o Senado
"não pode apenas carimbar textos aprovados pela Câmara".
Líder da minoria no Senado
(PFL e PSDB), Efraim Morais
(PFL-PB) anunciou em plenário
que vai apresentar emenda contra
a tributação dos inativos e disse
ser "questão de honra" para o seu
partido derrubar esse item na Casa, com votos de todas as legendas
e da maioria dos pefelistas.
Na Câmara, a bancada do PFL
ficou dividida em relação à proposta. Dos 69 deputados pefelistas, 31 apoiaram a tributação dos
inativos. "Aqui no Senado será diferente, porque os senadores são
mais experientes e maduros", disse Morais. "Vamos modificar o
texto, independentemente da
pressão do governo", afirmou. O
PFL tem 18 senadores.
O PSDB, partido da oposição
que ajudou o governo a aprovar a
reforma na Câmara, estará dividido. O líder da bancada, Arthur
Virgílio (AM), votará a favor, mas
foi informado pelos tucanos Antero Paes de Barros (MT) e Leonel
Pavan (SC) de que votarão contra
a cobrança dos inativos. Não haverá fechamento de questão na
bancada, que tem dez senadores.
O líder do PDT, Jefferson Péres
(AM), disse que seu partido (cinco senadores) votará contra a cobrança dos aposentados. Para ele,
a tramitação da reforma no Senado não será tão tranquila quanto
espera o governo: "Espero que o
ânimo do Senado não seja aprovar a proposta porque a Câmara
aprovou. Isso é deixar o Senado
numa posição subalterna", disse.
Em discurso no plenário, o peemedebista Mão Santa (PI) chamou a proposta aprovada pela
Câmara de "farsa" e conclamou o
PMDB a votar contra pelo menos
a taxação dos inativos.
"É na velhice que a gente gasta
mais com remédios", disse, citando várias doenças que costumam
surgir na idade avançada. "E as
viuvinhas? Vão ficar sem pensão?
Sei lá se a Adalgizinha [sua mulher] vai ser pensionista e eu vou
abrir mão antes?", perguntou.
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