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São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2003

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Senadores criticam texto votado pela Câmara e propõem mudanças

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Contrariando a expectativa do governo e do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de que a reforma da Previdência será facilmente aprovada na Casa, senadores de vários partidos, inclusive do PT, criticaram o texto que deverá sair da Câmara dos Deputados e defenderam mudanças.
Para o vice-presidente do Senado, Paulo Paim (PT-RS), a reforma aprovada em primeiro turno na Câmara não reflete a opinião dos 81 senadores, que devem divergir sobre questões como tributação dos inativos e regras de transição. Segundo ele, o Senado "não pode apenas carimbar textos aprovados pela Câmara".
Líder da minoria no Senado (PFL e PSDB), Efraim Morais (PFL-PB) anunciou em plenário que vai apresentar emenda contra a tributação dos inativos e disse ser "questão de honra" para o seu partido derrubar esse item na Casa, com votos de todas as legendas e da maioria dos pefelistas.
Na Câmara, a bancada do PFL ficou dividida em relação à proposta. Dos 69 deputados pefelistas, 31 apoiaram a tributação dos inativos. "Aqui no Senado será diferente, porque os senadores são mais experientes e maduros", disse Morais. "Vamos modificar o texto, independentemente da pressão do governo", afirmou. O PFL tem 18 senadores.
O PSDB, partido da oposição que ajudou o governo a aprovar a reforma na Câmara, estará dividido. O líder da bancada, Arthur Virgílio (AM), votará a favor, mas foi informado pelos tucanos Antero Paes de Barros (MT) e Leonel Pavan (SC) de que votarão contra a cobrança dos inativos. Não haverá fechamento de questão na bancada, que tem dez senadores.
O líder do PDT, Jefferson Péres (AM), disse que seu partido (cinco senadores) votará contra a cobrança dos aposentados. Para ele, a tramitação da reforma no Senado não será tão tranquila quanto espera o governo: "Espero que o ânimo do Senado não seja aprovar a proposta porque a Câmara aprovou. Isso é deixar o Senado numa posição subalterna", disse.
Em discurso no plenário, o peemedebista Mão Santa (PI) chamou a proposta aprovada pela Câmara de "farsa" e conclamou o PMDB a votar contra pelo menos a taxação dos inativos.
"É na velhice que a gente gasta mais com remédios", disse, citando várias doenças que costumam surgir na idade avançada. "E as viuvinhas? Vão ficar sem pensão? Sei lá se a Adalgizinha [sua mulher] vai ser pensionista e eu vou abrir mão antes?", perguntou.


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