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ECOS DE 92
No Sul, 2.000 estudantes entoam gritos contra
o governo, mas sem pedir a saída do presidente
Novos caras-pintadas
saem às ruas contra
Lula e a corrupção
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Cerca de 2.000 pessoas protestaram na manhã de ontem contra a corrupção no Brasil e no
governo Lula, em um ato que
percorreu o centro de Porto Alegre durante três horas.
Os estudantes da UFRGS
(Universidade Federal do Rio
Grande do Sul) pintaram seus
rostos com as cores verde e amarela e disseram representar o retorno dos ""caras-pintadas",
contra os corruptos em geral e o
atual governo federal -que, segundo eles, manteve sistema de
corrupção tradicional no país.
"A passeata teve como eixo a
luta contra a corrupção e contra
o governo que implementa esse
modelo. Não chegamos a gritar
"fora Lula", mas havia um pouco
desse sentimento, sim", disse
Vicente Ribeiro, 21, estudante
de história e um dos organizadores da manifestação. "Queremos o fim da corrupção e dos
corruptos, e é evidente que este
governo os alimenta."
Os principais gritos dos estudantes foram: ""Não tem dinheiro para a educação, mas tem dinheiro para pagar o mensalão";
"Ô Lula, já deu para ver, o teu
governo é igual ao de FHC"; "Ô
Lula, que traição, tira do povo
para pagar o mensalão" e ""PT
pagou com mensalão a direita
que lhe deu a mão".
"Não gritamos "fora Lula" porque o que queremos é que caiam
fora todos os corruptos. A população tem de se organizar para punir todos os corruptos. Temos de averiguar para ver qual o
grau de comprometimento do
presidente Lula. Só o modelo
econômico já ajuda a ocorrer o
que ocorreu", disse a estudante
de biblioteconomia Fernanda
Melchionna, 21.
Ao sair da Praça Argentina, no
centro da cidade, os manifestantes provocaram transtornos no
trânsito. Mesmo assim, não
houve gestos de hostilidade, o
que mostrou a boa receptividade da população para o ato. De
alguns carros e transeuntes, partiram aplausos e acompanhamentos às frases.
O grupo passou pelas avenidas
Salgado Filho e Borges de Medeiros até chegar à Loureiro da
Silva, todas no centro da cidade.
A manifestação começou às
8h45 e se encerrou às 12h. Em
frente ao prédio da Receita Federal, os estudantes realizaram
um ato público.
(LÉO GERCHMANN)
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