São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CHOQUE DE VERSÕES

Em depoimento espontâneo à CPI do Mensalão, sócio da SMPB contraria informação do marqueteiro de Lula de que teria imposto abertura de offshore

Valério volta a CPI e diz que Duda mente

RANIER BRAGON
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao mesmo tempo em que Duda Mendonça prestava depoimento à CPI dos Correios, o publicitário Marcos Valério de Souza compareceu espontaneamente à CPI do Mensalão para contradizê-lo. Valério disse aos parlamentares que não partiu dele a exigência para que Duda criasse uma offshore para receber os depósitos de sua agência; segundo Valério, foi o próprio Duda quem lhe pediu que realizasse os pagamentos a uma offshore em Bahamas.
Valério disse que estão querendo pegá-lo para "cristo" e que temeria morrer como Paulo César Farias. "A história do Brasil prova isso", disse, se referindo ao ex-tesoureiro, morto em 1996 em circunstâncias não esclarecidas.
Valério disse ainda ter sido usado. "Fui usado pelo PT e cuspido para fora. É muito mais fácil acusar o publicitário Valério do que o marqueteiro Duda Mendonça. É muito mais fácil falar em "valerioduto" do que em "dirceuoduto" e "PToduto'", afirmou, mencionando, além de Duda, o ex-ministro José Dirceu, que saberia de todas as transações, segundo ele.
Valério entregou à CPI meios eletrônicos que, segundo ele, contêm toda a contabilidade da SMPB e de outras de suas empresas. No momento em que compareceu à comissão, às 16h30, a repercussão das declarações de Duda à CPI dos Correios já tomava conta do Congresso.
"O pedido para remeter [os recursos] para fora foi dele [Duda], foi da dona Zilmar [sócia de Duda]", afirmou Valério. "Não orientei ninguém."
Valério declarou que sabia da conta e que os repasses a Duda foram determinados por Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT.
Questionado pelos integrantes da comissão, Valério negou saber em que Duda usou o dinheiro.
"Fui procurado pelo Delúbio, que me incumbiu de pagar o Duda, por meio da Zilmar. Fiz os pagamentos à pessoa que ela indicou, o consultor financeiro de nome Jader", disse Valério. Em relação ao dinheiro que teria seguido para o paraíso fiscal, Valério afirma que ele foi sacado pelo consultor por meio de 22 cheques emitidos pela SMPB.
Valério negou ainda que tenha transferido dinheiro a Paulo Okamotto, presidente do Sebrae, para que ele quitasse um empréstimo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria contraído no PT. "Não, nunca", afirmou em resposta ao questionamento. Ele negou também ter conhecimento de que parte dos recursos repassados a Duda teria sido para quitar dívidas da campanha de Lula.


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