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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CHOQUE DE VERSÕES
Em depoimento espontâneo à CPI do Mensalão, sócio da SMPB contraria informação do marqueteiro de Lula de que teria imposto abertura de offshore
Valério volta a CPI e diz que Duda mente
RANIER BRAGON
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao mesmo tempo em que Duda
Mendonça prestava depoimento
à CPI dos Correios, o publicitário
Marcos Valério de Souza compareceu espontaneamente à CPI do
Mensalão para contradizê-lo. Valério disse aos parlamentares que
não partiu dele a exigência para
que Duda criasse uma offshore
para receber os depósitos de sua
agência; segundo Valério, foi o
próprio Duda quem lhe pediu que
realizasse os pagamentos a uma
offshore em Bahamas.
Valério disse que estão querendo pegá-lo para "cristo" e que temeria morrer como Paulo César
Farias. "A história do Brasil prova
isso", disse, se referindo ao ex-tesoureiro, morto em 1996 em circunstâncias não esclarecidas.
Valério disse ainda ter sido usado. "Fui usado pelo PT e cuspido
para fora. É muito mais fácil acusar o publicitário Valério do que o
marqueteiro Duda Mendonça. É
muito mais fácil falar em "valerioduto" do que em "dirceuoduto" e
"PToduto'", afirmou, mencionando, além de Duda, o ex-ministro
José Dirceu, que saberia de todas
as transações, segundo ele.
Valério entregou à CPI meios
eletrônicos que, segundo ele, contêm toda a contabilidade da
SMPB e de outras de suas empresas. No momento em que compareceu à comissão, às 16h30, a repercussão das declarações de Duda à CPI dos Correios já tomava
conta do Congresso.
"O pedido para remeter [os recursos] para fora foi dele [Duda],
foi da dona Zilmar [sócia de Duda]", afirmou Valério. "Não
orientei ninguém."
Valério declarou que sabia da
conta e que os repasses a Duda foram determinados por Delúbio
Soares, ex-tesoureiro do PT.
Questionado pelos integrantes
da comissão, Valério negou saber
em que Duda usou o dinheiro.
"Fui procurado pelo Delúbio,
que me incumbiu de pagar o Duda, por meio da Zilmar. Fiz os pagamentos à pessoa que ela indicou, o consultor financeiro de nome Jader", disse Valério. Em relação ao dinheiro que teria seguido
para o paraíso fiscal, Valério afirma que ele foi sacado pelo consultor por meio de 22 cheques emitidos pela SMPB.
Valério negou ainda que tenha
transferido dinheiro a Paulo Okamotto, presidente do Sebrae, para
que ele quitasse um empréstimo
que o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva teria contraído no PT.
"Não, nunca", afirmou em resposta ao questionamento. Ele negou também ter conhecimento de
que parte dos recursos repassados
a Duda teria sido para quitar dívidas da campanha de Lula.
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