São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2001

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CONGRESSO

Novas regras proíbem reedição, mas aumentam prazo de vigência

Emenda das MPs entra hoje em vigor

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Entram hoje em vigor as novas regras para o uso de medidas provisórias, que tiveram 6.110 edições em quase 13 anos de existência. Ontem à tarde, o Congresso promulgou a emenda que limita o uso de MPs, retirando poderes do presidente da República.
A promulgação da emenda foi precedida por uma corrida do Executivo: as MPs que foram publicadas no "Diário Oficial" até ontem ficarão valendo por tempo indeterminado. O presidente Fernando Henrique Cardoso nem precisará reeditá-las.
Essas 66 MPs em tramitação até ontem só perderão a validade se o Congresso se reunir para derrubá-las, hipótese improvável, ou se o próprio presidente resolver revogá-las. "Esse é um contencioso que ficou. Ninguém é ingênuo para imaginar que o governo não faria isso [se aproveitar dos últimos dias para editar MPs". Mas agora acabou", afirmou o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG). As medidas provisórias editadas a partir de hoje não poderão mais ser reeditadas e terão o prazo máximo de vigência de 120 dias (60 dias e uma prorrogação por mais 60 dias).
As regras também obrigam a votação das MPs pelos congressistas. A emenda estabeleceu 45 dias para que a MP seja votada sob pena de a Câmara ou o Senado ficarem proibidos de votar qualquer outro projeto.
Na próxima semana, a Câmara deverá analisar um projeto de resolução explicitando a tramitação das MPs. A comissão mista, formada por deputados e por senadores, que vai analisar preliminarmente as medidas antes de encaminhá-las à Câmara, deverá ter dez dias para estudá-la.
Aécio deverá marcar as sessões de quinta-feira pela manhã para votar as MPs. A intenção é evitar que o dispositivo que impede votações da Câmara seja acionado se a Casa não votar a MP em 45 dias.
O ministro Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral) representou o presidente na sessão solene de promulgação da emenda. Ele afirmou que a partir de agora aumenta a responsabilidade do Congresso. Há cerca de seis anos, quando o projeto de emenda começou a tramitar, o governo considerava que a mudança deixaria o país ingovernável.
O Executivo também atribuía ao Congresso a responsabilidade pelo excesso de edições de MP. O governo argumentava que os congressistas não votavam as medidas, forçando as reedições.


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