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ROLO TRIBUTÁRIO
Em reação, Norte e Nordeste querem "atrapalhar" previdenciária
Estados pobres se rebelam contra "privilégios" de RJ e SP
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As mudanças feitas pela Câmara
dos Deputados na reforma tributária para beneficiar os Estados de
São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro provocaram rebelião dos
senadores das regiões Norte e
Nordeste. O PSDB, o PFL e o PDT
decidiram atrapalhar a tramitação da reforma da Previdência no
Senado com o objetivo de forçar
uma negociação para reparar o
que consideram "injustiça com os
Estados pobres".
Definida como "barganha legítima", a decisão de vincular as
duas reformas foi anunciada da
tribuna pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), após seguidos
protestos de senadores do Norte e
Nordeste contra a emenda do sistema tributário aprovada na Câmara em primeiro turno.
"A partir de hoje cessa nosso
compromisso de deixar tramitar e
votar a reforma da Previdência, a
não ser que o governo reponha a
justiça aos Estados mais pobres.
Ou se repõe a justiça na reforma
tributária ou o PSDB, junto com o
PFL e o PDT, farão o que está a seu
alcance para impedir a tramitação
da reforma da Previdência", afirmou Arthur Virgílio.
O líder do governo, Aloizio
Mercadante (PT-SP), pediu "moderação" à oposição e que não haja prejuízos à tramitação da reforma previdenciária. Defendeu que
a Câmara aprove "o mais rápido
possível" a tributária e a encaminhe ao Senado, onde será "mudada substancialmente".
Os protestos dos senadores foram principalmente contra dois
pontos. Primeiro, a inclusão da
região noroeste do Rio e do semi-árido de Minas Gerais entre os beneficiários do Fundo de Desenvolvimento Regional. A proposta
anterior previa a distribuição entre os Estados do Norte, Nordeste,
Centro-Oeste e o Espírito Santo.
O outro ponto mais criticado
pelos senadores foi a inclusão, entre os critérios para a distribuição
dos recursos do fundo de compensação das exportações, das
perdas com o fim do ICMS sobre
máquinas e equipamentos destinados à produção -o que beneficia os Estados mais industrializados, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
"São Paulo ficou reclamando e
conseguiu tudo. O governador
Geraldo Alckmin está conduzindo com competência as contas
públicas de São Paulo, mas não é
possível que ele tenha privilégios
acima das outras bancadas", afirmou o senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), que deflagrou o debate.
ACM disse que a proposta de reforma tributária como foi votada
na Câmara é "um verdadeiro crime" contra os Estados mais pobres. Ele criticou indiretamente a
governadora Rosinha Matheus e
seu marido, Anthony Garotinho,
por causa da entrada do Rio no
fundo de desenvolvimento.
"Copacabana e Ipanema estão
no Nordeste. O milagre foi conseguido por Rosinha e Garotinho,
com a sinceridade de sempre",
disse o senador baiano.
O senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE) considerou um "escárnio" para os Estados do Norte
e Nordeste a inclusão do Rio no
fundo de desenvolvimento. "Isso
é fisiologismo: colocar o Rio no
fundo apenas em troca de votos."
O líder do PFL, José Agripino
(RN), acusou o governo federal de
provocar "cizânia" entre os Estados, com essa negociação feita de
última hora em troca de votos.
"Está feita a confusão. Os privilegiados foram os Estados mais ricos. Temos de ser valentes."
Em Recife, o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos
(PMDB), defendeu a retirada do
projeto de reforma tributária da
pauta do Congresso e a rediscussão do tema entre os governos federal e estaduais. Jarbas considerou as mudanças no texto, negociadas com o PSDB, prejudiciais
ao Nordeste. Disse que é preciso
"um novo entendimento" antes
que "termine sobrando para a sociedade, para o contribuinte".
Colaborou a Agência Folha
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