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REPÚBLICA DOS COMPANHEIROS
Estatais afirmam que dinheiro dado à central não tem a ver com sua relação com o PT
TCU pede informações sobre patrocínio à CUT
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O TCU (Tribunal de Contas da
União) enviou ofício às empresas
estatais que patrocinaram o evento de comemoração dos 20 anos
da CUT (Central Única dos Trabalhadores) cobrando explicações sobre o teor dos contratos
firmados com a entidade.
A CUT realizou, em 28 e 29 de
agosto, cerimônia e atividades em
comemoração de seu aniversário.
Disse ter gastado cerca de R$ 700
mil, cobertos pelos patrocínios de
duas empresas públicas -Correios e Caixa Econômica Federal- e de duas sociedades de economia mista (aquelas em que os
recursos não são apenas do Estado) -Petrobras e Banco do Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva foi à comemoração.
Dos R$ 700 mil, R$ 580 mil vieram da Petrobras, e R$ 100 mil, da
Caixa, segundo as empresas. Os
Correios bancaram R$ 80 mil, de
acordo com o Diário Oficial de 28
de agosto. O Banco do Brasil disse
que não tem definido o quanto repassará para a entidade, já que
ainda ocorrerão outras atividades
de comemoração, entre elas, novas publicações. O montante doado por três empresas ultrapassa o
que a CUT afirma ter gastado com
os dois dias de agosto.
Não é a primeira vez no governo
Lula que essas empresas dão dinheiro para eventos da CUT. A
Petrobras, o Banco do Brasil e a
Caixa patrocinaram, em junho,
parte do 8º Congresso Nacional
da central. Repassaram R$ 1,15
milhão para um evento que custou R$ 4 milhões. Foi a primeira
vez que as estatais entraram em
peso num congresso da CUT.
A maior parte do dinheiro da
comemoração dos 20 anos, disse a
central, foi aplicada na reforma
do Pavilhão Vera Cruz, onde
ocorreu o evento de aniversário
da entidade. Foram produzidos
CD-ROMs e livros sobre os 20
anos da CUT. A empresa Via TV
foi contratada apara organizar a
cerimônia do dia 28, que contou
com shows, telões e a apresentação dos atores Sérgio Mamberti e
Rosi Campos. Um bufê de São
Bernardo do Campo serviu 15 mil
salgadinhos, cerveja (120 caixas),
refrigerante (1.200 litros) e vinho
(50 caixas) para um público de
cerca de mil pessoas.
A Folha solicitou à central os
valores discriminados da cerimônia. A CUT informou, por meio
de sua secretaria de comunicação,
que irá divulgá-los depois de "fechar as contas", alegando que
muitas despesas foram faturadas.
Disse também ser a favor da prestação de informações das estatais
para o TCU. Segundo a central,
parte das comemorações está sendo bancada por seus 3.350 sindicatos. Além das atividades de
agosto, espera também construir
um centro cultural na sua sede.
Público alvo
A Caixa, a Petrobras e o Banco
do Brasil disseram que o patrocínio não está relacionado com o fato de a CUT ser historicamente ligada ao PT, mas com a presença
no evento de trabalhadores, que,
segundo elas, são parte do público
alvo. Apenas os Correios afirmaram que o patrocínio para a CUT
foi uma "exceção" e que é a primeira vez que isso ocorreu.
Durante o governo Fernando
Henrique Cardoso, o nome dessas organizações esteve ligado a
patrocínios de eventos realizados
pela Força Sindical, central que
era alinhada ao governo tucano.
Enquanto no ano passado a
CUT bancou o seu 1º de Maio
com recursos dos sindicatos filiados, nos últimos dois anos a comemoração da Força foi patrocinada parcialmente pela Caixa e
pela Petrobras. Para este ano, a
Força conseguiu do Planalto a
manutenção dos patrocínios.
Os pedidos de informação foram enviados no começo deste
mês e devem ser respondidos ao
TCU até o meio de setembro.
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