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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO" /A HORA DO "MENSALINHO"
Oposicionistas vão requerer amanhã abertura de processo contra presidente da Câmara; governistas preferem voto de confiança
Oposição ignora Severino e quer cassação
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Partidos de oposição afirmaram ontem, depois da entrevista
de Severino Cavalcanti (PP-PE),
que não irão recuar da decisão de
apresentar um requerimento
contra o presidente da Câmara
pedindo a abertura de processo
de cassação de mandato no Conselho de Ética da Câmara por quebra do decoro parlamentar.
Segundo os líderes dos partidos
de oposição, a representação contra Severino será protocolada
amanhã, após uma reunião na
qual será decidida a posição do
bloco sobre as sessões conduzidas
por ele.
A oposição pretende manter a
decisão de esvaziar o plenário caso Severino esteja à frente da sessão, mas alguns líderes já admitem uma ressalva no caso da votação do processo de cassação do
mandato de Roberto Jefferson
(PTB-RJ), marcado para depois
de amanhã, quarta-feira.
"Quanto a ir ao Conselho de Ética, não há dúvida. Mas participar
ou não da sessão, vamos nos reunir para avaliar como fazer. Não
há possibilidade de recuo nenhum, o que vamos discutir é como enfrentar essa resistência dele", disse o líder do PSDB na Casa,
Alberto Goldman (SP).
"Vamos trabalhar para que ele
não presida. Se ele conseguir
apoio e tiver número, entraremos
para votar, mas vamos trabalhar
para que ele não consiga isso",
afirmou o líder da minoria, José
Carlos Aleluia (PFL-BA).
Peça de advogado
Para a oposição, a entrevista de
Severino "foi uma peça de advogado", "uma saída previsível",
mas que não se sustenta perante
os depoimentos à Polícia Federal
do empresário Sebastião Buani e
dos funcionários do restaurante
Fiorella. Todos eles ratificaram as
denúncias de pagamento de propina a Severino.
"É uma peça de advogado,
montada para construir uma versão de tentar desqualificar as robustas provas testemunhais e evidenciais que existem", afirmou o
pefelista José Carlos Aleluia.
"Não é uma denúncia frágil,
precisa ser investigada e o Conselho de Ética é o único lugar possível. Ele pode se defender aonde
for, mas não no cargo, até por
conta dos julgamentos que vamos
ter em plenário. E por esse motivo
não podemos ter um presidente
que é motivo de denúncia", disse
o presidente do PPS, deputado
Roberto Freire (PE).
O deputado Antonio Carlos
Magalhães Neto (PFL-BA), integrante da CPI dos Correios, disse
que a entrevista foi "uma versão
previsível, porque ele desde o início dava sinais de que resistiria ao
afastamento".
Disse também que "a ironia de
Severino" diante da ameaça da
oposição "merece outra ironia".
"Da mesma forma que não é próprio do mandato parlamentar faltar às sessões, não é próprio do
parlamentar exercendo a função
de primeiro secretário negociar
propina com concessionário da
Câmara."
A oposição também prepara
um novo ataque ao governo caso
o PT se recuse a assinar a representação contra Severino no Conselho. "Espero que o governo não
recue, porque vai ficar muito
ruim para o presidente Lula. Muitos deputados da base já haviam
demonstrado que iriam apoiar a
representação, e vai ficar muito
claro que há um trabalho do governo para defender Severino",
disse Aleluia.
Governistas
Ao contrário da oposição, os governistas desta vez acenaram com
um voto de confiança ao presidente da Câmara, apesar de cobrarem uma investigação independente do caso.
"A avaliação do PT é que Severino está em situação gravíssima.
De um lado, há uma acusação
grave. Do outro, uma negativa cabal. Estamos tentando fazer uma
reunião emergencial com todos
os partidos amanhã [hoje]. Vou
defender que se delibere por uma
investigação rápida, em 48 horas,
com perícias da Polícia Federal,
para descobrir quem está falando
a verdade", disse o líder do PT na
Casa, Henrique Fontana (RS).
"Ele empenhou a palavra dele e
é o presidente da Câmara. O que
vai conduzir esse processo são fatos e provas. Temos que priorizar
a investigação, ou ele reúne condições para ser presidente ou
não", afirmou o líder do governo
na Câmara, deputado Arlindo
Chinaglia (PT-SP).
(SILVIO NAVARRO E RANIER BRAGON)
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