São Paulo, Domingo, 12 de Setembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Partido discutirá eleição direta

da Reportagem Local

Um dos debates mais acirrados do 2º Congresso Nacional do PT deverá ser em torno da reestruturação do partido. Enquanto os moderados defendem eleições diretas para os dirigentes da legenda, nas instâncias municipais, estaduais e nacional, a esquerda acha que, na prática, isso se transformará num instrumento para os caciques conseguirem maioria nos encontros partidários.
No centro da discussão está a divergência entre os dois grupos sobre a ampliação do número de filiados. A "direita" sustenta que o PT precisa ter maior presença na sociedade, atraindo para a legenda não só aquelas pessoas que sempre atuam nas instâncias partidárias, como também as que não têm tempo para isso, mas são simpatizantes do partido.
Na visão dos radicais, essa estratégia levará a filiações em massa, com fraudes como as que ocorreram no Rio de Janeiro neste ano.
"Nós não somos contra o PT ser um partido de massa, desde que seja composto por militantes. Não dá para admitir que pessoas que apareçam uma vez por ano no partido sejam as que vão determinar as políticas petistas", afirma Valter Pomar, da esquerda do PT e um dos vice-presidentes da legenda.
Para José Dirceu, atual presidente petista e provável candidato à reeleição com o apoio dos moderados, "o PT precisa passar por uma mudança radical". "Precisamos abrir o partido para a sociedade, fortalecendo os diretórios municipais e realizando eleição direta para os dirigentes partidários", sustenta.
O ex-prefeito de Porto Alegre Tarso Genro, cujo grupo político pode ser o fiel da balança no congresso petista, acha que o PT tem que se transformar em "outro tipo de partido". "Isso só acontecerá se conseguirmos ampliar nossa base social, abrindo relações políticas com setores empresariais e com a intelectualidade, porque uma parte dela aderiu ao modelo do neoliberalismo e a outra se retirou da vida política".
Outra discussão que deve dividir os petistas vai girar em torno da política de alianças. "O PT tem que ser o protagonista das alianças, mas precisa disputar o centro", acredita José Genoino (SP). "Não existe alternativa de centro-esquerda para o PT. Essa política de que temos de ampliar alianças nos levou a desastres como os governos de Cristovam Buarque (DF) e Vítor Buaiz (ES)", rebate Milton Temer (RJ), da esquerda petista.


Texto Anterior: Oposições: "Fora FHC" racha PT em congresso
Próximo Texto: Infância: Paraná suspende adoções da Limiar
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.