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Economistas aprovam idéia, mas não para já
DA REDAÇÃO
Dois economistas ouvidos ontem pela Folha disseram achar
que a idéia de criar uma moeda
única para a América Latina é
boa, mas viável somente num
prazo longo.
Para Paulo Rabello de Castro,
sócio da RC Consultores, é preciso que, no grupo de países que
querem ter uma moeda comum,
ao menos um tenha uma moeda
forte para servir de referência às
demais. Na Europa, diz ele, havia
o marco alemão, o franco francês
e a libra inglesa, que acabou ficando fora da zona do euro.
Para que o real possa ser essa referência, o economista lista quatro tarefas para o Brasil. As duas
primeiras -aumentar as reservas
internacionais e "ficar no mínimo
cinco anos muito mais obcecado
do que hoje com exportações"-
visam reduzir a vulnerabilidade
externa.
A terceira é reduzir os juros. A
quarta, mudar o arcabouço institucional que rege a política monetária (que, entre outras coisas, inclui a fixação da taxa de juros que
o governo paga em cerca de metade da sua dívida). Ele defende que
a responsabilidade por fixar as diretrizes dessa política seja de uma
comissão com pessoas de dentro
e fora do governo, reduzindo o
poder do Banco Central.
Sérgio Werlang, do Itaú, também acha que a moeda única só é
possível a longo prazo. Para ele, a
situação da economia argentina
hoje é um entrave ao projeto.
Segundo o economista, é preciso que o país platino reduza o seu
déficit fiscal e saneie o seu sistema
financeiro. A falta de respeito a
contratos, na visão de Werlang,
também é um problema -a Argentina propôs a seus credores
pagar só 25% da dívida externa.
Resolvidas essas questões, a moeda comum teria mais chance de
ser aceita internacionalmente.
Com uma união monetária
bem-sucedida, diz o economista
do Itaú, os países da região poderiam emitir títulos no exterior em
sua própria moeda, e não em
moedas estrangeiras, como fazem
hoje. Outra vantagem é que as
transações comerciais dentro do
bloco seriam mais fáceis, já que
não seria preciso fazer operações
de câmbio.
(GUILHERME BAHIA)
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