UOL

São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Economistas aprovam idéia, mas não para já

DA REDAÇÃO

Dois economistas ouvidos ontem pela Folha disseram achar que a idéia de criar uma moeda única para a América Latina é boa, mas viável somente num prazo longo.
Para Paulo Rabello de Castro, sócio da RC Consultores, é preciso que, no grupo de países que querem ter uma moeda comum, ao menos um tenha uma moeda forte para servir de referência às demais. Na Europa, diz ele, havia o marco alemão, o franco francês e a libra inglesa, que acabou ficando fora da zona do euro.
Para que o real possa ser essa referência, o economista lista quatro tarefas para o Brasil. As duas primeiras -aumentar as reservas internacionais e "ficar no mínimo cinco anos muito mais obcecado do que hoje com exportações"- visam reduzir a vulnerabilidade externa.
A terceira é reduzir os juros. A quarta, mudar o arcabouço institucional que rege a política monetária (que, entre outras coisas, inclui a fixação da taxa de juros que o governo paga em cerca de metade da sua dívida). Ele defende que a responsabilidade por fixar as diretrizes dessa política seja de uma comissão com pessoas de dentro e fora do governo, reduzindo o poder do Banco Central.
Sérgio Werlang, do Itaú, também acha que a moeda única só é possível a longo prazo. Para ele, a situação da economia argentina hoje é um entrave ao projeto.
Segundo o economista, é preciso que o país platino reduza o seu déficit fiscal e saneie o seu sistema financeiro. A falta de respeito a contratos, na visão de Werlang, também é um problema -a Argentina propôs a seus credores pagar só 25% da dívida externa. Resolvidas essas questões, a moeda comum teria mais chance de ser aceita internacionalmente.
Com uma união monetária bem-sucedida, diz o economista do Itaú, os países da região poderiam emitir títulos no exterior em sua própria moeda, e não em moedas estrangeiras, como fazem hoje. Outra vantagem é que as transações comerciais dentro do bloco seriam mais fáceis, já que não seria preciso fazer operações de câmbio. (GUILHERME BAHIA)


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Reforma ministerial: Dirceu já sugere nomes a Lula para acomodar PMDB
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.