São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2004

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RORAIMA

Ottomar Pinto, empossado no lugar de Flamarion Portela, afirmou que não seguirá seu partido, o PTB, aliado federal

Não me alinho a Lula, diz novo governador

JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA

Em seu primeiro dia de mandato, após ter sido conduzido ao cargo de governador de Roraima por ordem do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Ottomar Pinto (PTB), 72, disse que terá uma postura "independente" em relação ao governo federal.
Ottomar criticou seu antecessor, o cassado Flamarion Portela (que se afastou do PT), e a Funai (Fundação Nacional do Índio).
Segundo o governador, ele não pretende se alinhar ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao contrário de seu partido.
"O PTB tem um alinhamento incondicional e irrestrito ao governo. Entendo que eu deva ajudar na governabilidade, mas isso não quer dizer que eu apóie incondicionalmente o que é feito. Minha postura será independente. Sou mais liberal", disse.
Ele afirmou não ter receio de que um novo recurso o tire do cargo. Os advogados do governador cassado Flamarion Portela recorreram ontem ao Supremo Tribunal Federal da decisão do TSE.
"Ele [Portela] teve uma eleição imoral. Agora, como está fora do cargo, não poderá mais mexer com os recursos do Tesouro do Estado para pagar advogados."
A respeito do "escândalo dos gafanhotos", fraude na folha de pagamento do Estado que desviou cerca de R$ 230 milhões, o governador afirmou que "nada será ocultado". Flamarion é acusado de integrar o esquema.
"Vamos tirar Roraima das páginas policiais e colocar nas páginas de economia e de política. O governo será austero. Os problemas serão mostrados. Os desvios que aconteceram não vão ser ocultados. Tudo que for possível fazer para reaver o dinheiro será feito."

Funai
Ottomar declarou que é contrário à demarcação de forma contínua da reserva indígena Raposa/ Serra do Sol, área de 1,69 milhão de hectares no nordeste do Estado, foco de conflitos entre arrozeiros e índios que vivem na região.
"A Funai ocupa um prédio em Brasília e tem sob sua responsabilidade mais de 250 mil índios em todo o país, com um pequeno orçamento que não é suficiente para atender a todas as comunidades", afirmou Ottomar.
"Se a área [Raposa] for transformada em contínua, todo o poder sobre ela será federal. Hoje e sempre quem deu apoio aos índios foram o Estado e os municípios. Sem eles, os índios vão mergulhar na miséria, morrer de fome."
Segundo Ottomar, "a Funai não dá absolutamente nada para o índios", e só se preocupa com terra.
O governador recém-empossado afirmou que é candidato à reeleição em 2006.


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