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RORAIMA
Ottomar Pinto, empossado no lugar de Flamarion Portela, afirmou que não seguirá seu partido, o PTB, aliado federal
Não me alinho a Lula, diz novo governador
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
Em seu primeiro dia de mandato, após ter sido conduzido ao
cargo de governador de Roraima
por ordem do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Ottomar Pinto
(PTB), 72, disse que terá uma postura "independente" em relação
ao governo federal.
Ottomar criticou seu antecessor, o cassado Flamarion Portela
(que se afastou do PT), e a Funai
(Fundação Nacional do Índio).
Segundo o governador, ele não
pretende se alinhar ao governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao contrário de seu partido.
"O PTB tem um alinhamento
incondicional e irrestrito ao governo. Entendo que eu deva ajudar na governabilidade, mas isso
não quer dizer que eu apóie incondicionalmente o que é feito.
Minha postura será independente. Sou mais liberal", disse.
Ele afirmou não ter receio de
que um novo recurso o tire do
cargo. Os advogados do governador cassado Flamarion Portela recorreram ontem ao Supremo Tribunal Federal da decisão do TSE.
"Ele [Portela] teve uma eleição
imoral. Agora, como está fora do
cargo, não poderá mais mexer
com os recursos do Tesouro do
Estado para pagar advogados."
A respeito do "escândalo dos
gafanhotos", fraude na folha de
pagamento do Estado que desviou cerca de R$ 230 milhões, o
governador afirmou que "nada
será ocultado". Flamarion é acusado de integrar o esquema.
"Vamos tirar Roraima das páginas policiais e colocar nas páginas
de economia e de política. O governo será austero. Os problemas
serão mostrados. Os desvios que
aconteceram não vão ser ocultados. Tudo que for possível fazer
para reaver o dinheiro será feito."
Funai
Ottomar declarou que é contrário à demarcação de forma contínua da reserva indígena Raposa/
Serra do Sol, área de 1,69 milhão
de hectares no nordeste do Estado, foco de conflitos entre arrozeiros e índios que vivem na região.
"A Funai ocupa um prédio em
Brasília e tem sob sua responsabilidade mais de 250 mil índios em
todo o país, com um pequeno orçamento que não é suficiente para
atender a todas as comunidades",
afirmou Ottomar.
"Se a área [Raposa] for transformada em contínua, todo o poder
sobre ela será federal. Hoje e sempre quem deu apoio aos índios foram o Estado e os municípios.
Sem eles, os índios vão mergulhar
na miséria, morrer de fome."
Segundo Ottomar, "a Funai não
dá absolutamente nada para o índios", e só se preocupa com terra.
O governador recém-empossado afirmou que é candidato à reeleição em 2006.
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