|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUSTIÇA
Recuo do partido era parte de acordo para aprovar MP 66
PT retira assinaturas de recurso, e foro especial segue para o Senado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PT retirou um recurso que levaria ao plenário projeto de lei
aprovado pelas comissões da Câmara, em caráter conclusivo, instituindo foro especial para ex-presidentes da República, ex-governadores, ex-ministros e ex-parlamentares. Sem o recurso, o
projeto segue para o Senado.
A retirada de assinaturas do recurso foi exigida pelo atual governo dentro do acordo que garantiu
a aprovação da MP 66 -a minirreforma tributária. O interesse é
assegurar que o presidente Fernando Henrique Cardoso não será julgado em primeira instância
quando deixar o cargo. Se aprovado, o eleito, Luiz Inácio Lula da
Silva, também se beneficiará.
As assinaturas de apoio ao recurso foram retiradas anteontem
à noite, durante a votação da MP
66. Dezenove deputados petistas
retiraram suas assinaturas do recurso encabeçado pelo líder da
bancada, João Paulo Cunha (SP).
Restaram 50, duas a menos que o
necessário para levar o projeto ao
plenário da Câmara. O recurso
encabeçado pelo líder do PDT,
Miro Teixeira (RJ), perdeu 16 petistas e ficou com 45 assinaturas.
Na votação da redação final do
projeto, ontem pela manhã, o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh
(PT-SP) anunciou o voto do partido contra o projeto, mas não pediu verificação de quórum.
"Dentro do acordo para aprovar a MP 66, o PT se comprometeu a não obstruir a votação, mesmo votando contra", disse Greenhalgh. Ele explicou que o PT defende o foro especial -julgamento no Supremo Tribunal Federal- apenas para ex-presidentes.
Ele argumentou que poderiam
surgir processos contra ex-presidentes em centenas de comarcas.
"A vida dos ex-presidentes seria
contratar advogados e viajar pelo
país para sentar na mesa de juízes
de primeira instância", disse.
O PT tentará agora mudar o texto no Senado. Mas o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), diz que o partido trabalhará pela manutenção
do texto da Câmara.
"Lei da Mordaça"
Com a chegada ao Senado do
projeto, o atual governo deve desistir de tentar aprovar na Casa a
proposta que proíbe membros do
Ministério Público, magistrados e
autoridades policiais a divulgar
informações sobre processos em
andamento -a "Lei da Mordaça". Na próxima legislatura, defender ou não a aprovação ficará a
cargo do governo Lula.
Enquanto está na oposição, o
PT tem sido contra o projeto. Foi
o partido que frustrou as recentes
tentativas do atual governo de
apressar a votação no Senado.
(LUCIO VAZ E RAQUEL ULHÔA)
Texto Anterior: Celso Pinto: As fichas de Lula na Previdência Próximo Texto: Tributos: Comissão da Câmara aprova Imposto Único Índice
|