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CASO SANTO ANDRÉ
Após negociação, Sérgio Gomes da Silva se entrega à polícia
Amigo acusado da morte de
Daniel é preso em São Paulo
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
O empresário Sérgio Gomes da
Silva foi preso ontem acusado de
ser um dos mandantes do assassinato do prefeito de Santo André,
Celso Daniel. Sob escolta policial,
ele chegou algemado ao DHPP
(Departamento de Homicídio e
Proteção à Pessoa) da Polícia Civil, centro de São Paulo, às 20h58.
A prisão de Gomes da Silva foi
solicitada pelos promotores criminais de Santo André e decretada pelo juiz da 1ª Vara da Comarca de Itapecerica da Serra (SP),
Luiz Fernando Migliori. Judicialmente, a prisão preventiva serve
para prevenir a prática de novos
crimes ou para assegurar o andamento do processo. A prisão, decidida anteontem, foi mantida em
sigilo e divulgada só na tarde de
ontem pela defesa do empresário.
Gomes da Silva chegou ao prédio do DHPP no banco de trás de
um Santana branco da Polícia Civil. Estava com uma camiseta
branca e com as mãos algemadas
pela frente. O carro foi escoltado
por outros dois veículos policiais.
Na entrada do prédio, cerca de 30
policiais fizeram um cordão para
liberar a entrada do empresário.
A rendição de Gomes da Silva
foi negociada durante todo o dia
de ontem por seus advogados e
pela polícia. Ao mesmo tempo, a
polícia montou uma operação para prendê-lo. Logo pela manhã,
agentes do DHPP procuraram o
empresário em pelo menos oito
endereços em São Paulo e em
Santo André. A operação foi comandada pelo delegado da Polícia Civil Luiz Fernando Teixeira.
Durante esse período, advogados de Gomes da Silva afirmavam
que a prisão do empresário estava
"a caminho". Alguns dos entraves
para a rendição do empresário
ontem foram a imprensa e a preocupação de seus advogados com a
segurança de Gomes da Silva. A
defesa quis evitar a exploração de
imagens da prisão de seu cliente.
No prédio do DHPP, Gomes da
Silva foi alojado em uma sala, onde passaria a noite vigiado por
quatro policiais. Na sala havia
apenas um sofá. O empresário ganhou 20 maços de cigarro de seus
advogados. Por volta de 22h, um
médico foi até o DHPP para fazer
o exame de corpo de delito em
Gomes da Silva. Hoje, é aventada
a possibilidade de o empresário
ser transferido para uma cela especial 13º Distrito Policial. Segundo um dos advogados de Gomes
da Silva, Adriano Vanni, o empresário tem curso superior -é formado em pedagogia- e por isso
tem direito à cela especial.
Os três promotores criminais de
Santo André, que pediram a prisão preventiva, disseram que não
iriam comentar a medida.
Denúncia
O crime contra Celso Daniel começou na noite de 18 de janeiro de
2002, quando o prefeito petista foi
sequestrado ao voltar de um jantar com Gomes da Silva. Dois dias
depois, Daniel foi encontrado
morto a tiros e com sinais de tortura numa estrada de terra em Juquitiba (Grande São Paulo).
Na denúncia (acusação formal),
a Promotoria sustenta que o sequestro foi simulado pelo empresário e pelos sete homens da favela Pantanal, acusados pelo assassinato de Daniel. Ao crime de homicídio, cuja pena mínima é de 12
anos de prisão, a Promotoria
acrescentou três agravantes, que
podem aumentar a pena em uma
eventual condenação. Os três
agravantes são: financiar a morte,
impossibilitar qualquer defesa da
vítima e garantir a execução de
outros crimes (corrupção na Prefeitura de Santo André).
Celso Daniel teria sido morto,
segundo a denúncia, porque Gomes da Silva queria manter um
esquema de arrecadação de propina na administração municipal.
Apesar de ele não ser funcionário
público, alegam os promotores,
Gomes da Silva teria muita influência na gestão petista.
Em junho de 2002, ele e outras
cinco pessoas foram denunciadas
por comandar um esquema ilegal
na prefeitura. A denúncia ainda
não foi aceita pela Justiça.
Júri popular
Ao receber a denúncia, o juiz
Luiz Fernando Migliori já determinou a data para interrogatório
de Gomes da Silva e dos sete homens da favela Pantanal acusados
pela morte de Daniel. As datas
não foram reveladas sob o argumento de que o processo criminal
corre em segredo de Justiça
-apenas os envolvidos e seus advogados têm acesso.
Se, após ouvir os acusados e as
testemunhas, o juiz entender que
há indícios da participação de Gomes da Silva na morte de Daniel, o
caso será encaminhado ao tribunal de júri, composto por sete cidadãos escolhidos de forma aleatória pelo Poder Judiciário.
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