UOL

São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CASO SANTO ANDRÉ

Advogados afirmam que temem pela segurança de Gomes da Silva e impetrarão hoje habeas corpus no TJ


Defesa diz que processo é "inquisitorial"

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Roberto Podval, que representa o empresário Sérgio Gomes da Silva, disse ontem que teme pela segurança de seu cliente, acusado de ser o mandante do assassinato do prefeito Celso Daniel, em janeiro de 2002.
O advogado classificou como "inquisitorial" o processo criminal movido contra o empresário. "Quando ele foi chamado para prestar depoimento, a Promotoria já havia divulgado para a imprensa que ele seria denunciado como o mandante do assassinato. É um processo inquisitorial."
Depois de negociar a tarde inteira com a polícia, Podval aguardou a imprensa se retirar de seu escritório e pediu que Gomes da Silva fosse para lá. Depois, telefonou para a polícia, que o prendeu.
Segundo o advogado, a decisão de se apresentar foi do próprio empresário. "Ele é inocente, não é bandido. Não ficaria foragido nem por um dia", disse Podval.
O advogado disse que o pedido de prisão foi escondido da defesa do empresário, que só ontem conseguiu ter acesso ao processo, ajuizado na última sexta-feira pela Promotoria. "A Justiça negou acesso aos autos, mesmo depois do recebimento da denúncia."
O advogado disse também que a prisão é "absolutamente desnecessária" porque Gomes da Silva colaborou com as investigações, compareceu ao Ministério Público todas as vezes em que foi chamado e não teve contato com testemunhas. "Não estão presentes os requisitos legais para a decretação da prisão preventiva."
O advogado Adriano Vanni, que também participa da defesa, tomou conhecimento da decretação da prisão quando levava à Justiça de Itapecerica da Serra (SP) uma petição na qual afirmava que Gomes da Silva estava à disposição do processo, indicava o endereço do empresário e dizia que seus advogados poderiam ser intimados em nome dele.

Habeas corpus
A defesa do empresário impetrará hoje pela manhã um habeas corpus no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para tentar a revogação da prisão preventiva. A medida seria elaborada durante a madrugada de hoje. "Vamos ter de fazer tudo pela memória, porque não pudemos ter cópia do processo", disse Vanni.
Também irá pedir o fim do sigilo no processo contra o empresário. "Queremos distribuir cópias dos quatro volumes do processo para toda a imprensa", disse.
"As informações de interesse da acusação já estão nos jornais, mas a defesa, por causa do sigilo, não pode exibir os documentos do processo", afirmou Podval.
O advogado disse ainda que "a leitura dos autos comprova a inocência do Sérgio". E lamentou que a Promotoria "use a imprensa" para comover a opinião pública.
Ele afirmou que o Ministério Público tinha de pedir a prisão de seu cliente. Como os supostos autores do assassinato estão presos, a Promotoria não poderia indicar o suposto mandante sem pedir a sua prisão. (ROBERTO COSSO)


Texto Anterior: Caso Santo André: Amigo acusado da morte de Daniel é preso em São Paulo
Próximo Texto: Família elogia "robustez" das evidências
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.