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CASO SANTO ANDRÉ
Publicamente, Lula deve dizer que partido apóia investigações
PT deixa de opinar e diz que assunto é "da Justiça"
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal e o PT pretendem tratar como assunto da Justiça, da polícia e do Ministério Público o pedido de prisão do empresário Sérgio Gomes da Silva.
Após nova investigação do Ministério Público, o empresário virou
réu em processo que apura a morte, em janeiro do ano passado, de
Celso Daniel (PT), prefeito de
Santo André.
"Não vou opinar sobre um assunto que é da polícia, do Ministério Público e da Justiça. Não é
assunto do PT", respondeu ontem o presidente do partido, José
Genoino, ao ser indagado sobre
sua opinião a respeito do pedido
de prisão de Gomes da Silva.
De volta da viagem aos países
árabes, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva teve reação semelhante à de Genoino ao ser informado por auxiliares de detalhes
da nova investigação do Ministério Público. A Folha apurou que
Lula acha que o caso não deve ser
tratado como assunto de governo
ou do PT, mas da Justiça.
No ano passado, investigação
da Polícia Civil paulista apontou
crime comum. O Ministério Público tomou novos depoimentos
neste ano e denunciou Gomes da
Silva como mandante. Celso Daniel teria descoberto esquema de
corrupção que beneficiaria Gomes da Silva e teria sido morto ao
tentar combatê-lo. A Justiça aceitou a nova denúncia. Ontem, foi
pedida a prisão de Gomes da Silva, conhecido como "Sombra ".
A Folha apurou que numa ocasião em que Lula vier a abordar
publicamente o caso, seja por respostas à imprensa [ontem não
houve entrevista do porta-voz
André Singer], seja em discursos,
ele deverá dizer que o PT é o
maior interessado no esclarecimento da morte de Daniel e que o
partido apóia as investigações.
Genoino já disse publicamente
que o PT apóia as investigações,
mas afirmou que a legenda "defenderá a imagem do partido e do
Celso [Daniel]". O presidente do
PT também já afirmou que o partido "não tem se omitido, não
acobertou nada", em resposta à
acusação de familiares de Celso
Daniel de que a sigla criou "obstáculo" às investigações por crer na
versão de crime comum.
Reservadamente, membros da
cúpula do governo e do PT afirmam que não acreditam na culpa
de Gomes da Silva. O deputado
federal Luiz Eduardo Greenhalgh
(PT-SP), advogado criminalista
designado pela cúpula do partido
para acompanhar as investigações do ano passado, já disse isso
abertamente.
Em conversas reservadas,
membros da cúpula do governo e
do partido dizem que será uma
surpresa uma eventual prova da
culpa de Gomes da Silva. Todos
afirmam que os dois eram amigos
íntimos e dizem não ver sentido
num plano de Gomes da Silva para matar o prefeito.
Petistas também duvidam da
credibilidade de novos depoimentos dados ao Ministério Público por presos e por José Cicote,
vice-prefeito de Santo André na
primeira gestão do prefeito (1989-1992). Cicote virou inimigo político de Daniel.
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