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São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

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NO AR

Agenda negativa

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

O caso Celso Daniel avançou em descontrole pelos programas popularescos, ontem. Do Brasil Urgente, na Bandeirantes:
- "Sombra" tem prisão decretada.
No Cidade Alerta, da Record, como atração extra, uma entrevista exclusiva com o advogado do "Sombra".
Os principais telejornais evitaram o sensacionalismo, mas não foram contidos na cobertura. Até no Jornal Nacional, ainda que bem longe da primeira manchete:
- A Justiça decreta a prisão preventiva do acusado de mandar matar o prefeito Celso Daniel.
O Jornal da Record foi na mesma linha, mas em sua primeira manchete.
Nada bom para o PT, que de início mostrou resistência à reabertura do caso e não tem mais o que falar.
E nada bom para o PT, por outro lado, um segundo caso que também reapareceu -e que foi mostrado em algumas coberturas junto ao primeiro.
Da segunda manchete de Boris Casoy, ontem:
- Ministério Público Federal denuncia a ministra Benedita da Silva por improbidade administrativa.
Não é mais só a viagem à Argentina. Tem outras, com assessoras envolvidas.
A ministra sumiu, não deu as caras. Deixou o escândalo para outro resolver, qualquer outro. Lula, quem for.
 
Não, o JN não deu manchete para a denúncia de improbidade da ministra. Deu umas poucas frases, lá pelo meio.
 
O presidente e outros ministros passaram os últimos dias num esforço para levar à televisão uma agenda positiva, qualquer coisa que não envolvesse promotores e juízes.
No Congresso, cederam ao que tucanos e pefelistas e peemedebistas pediam, para aprovar as reformas. No dizer de Franklin Martins, no JN:
- Todo mundo saiu ganhando.
Falava dos acordos que permitiram levar as reformas adiante. O tucano Tasso Jereissati elogiou abertamente o governo petista, no Bom Dia Brasil.
Mas não foi o bastante para melhorar a agenda. Lula apresentou a seguir um novo modelo para o setor elétrico e disse que "os apagões são página virada" no Brasil.
Não pegou. O ministro Antonio Palocci saiu dizendo que "chega de pensar em juros, agora é só desenvolvimento". O ministro Tarso Genro disse a Míriam Leitão que "agora é hora da política industrial".
Esforço grande, mas nada que bastasse para mudar de assunto.


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