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NO AR
Agenda negativa
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
O caso Celso Daniel avançou em descontrole pelos
programas popularescos, ontem.
Do Brasil Urgente, na Bandeirantes:
- "Sombra" tem prisão decretada.
No Cidade Alerta, da Record,
como atração extra, uma entrevista exclusiva com o advogado
do "Sombra".
Os principais telejornais evitaram o sensacionalismo, mas não
foram contidos na cobertura. Até
no Jornal Nacional, ainda que
bem longe da primeira manchete:
- A Justiça decreta a prisão
preventiva do acusado de mandar matar o prefeito Celso Daniel.
O Jornal da Record foi na mesma linha, mas em sua primeira
manchete.
Nada bom para o PT, que de
início mostrou resistência à reabertura do caso e não tem mais o
que falar.
E nada bom para o PT, por outro lado, um segundo caso que
também reapareceu -e que foi
mostrado em algumas coberturas junto ao primeiro.
Da segunda manchete de Boris
Casoy, ontem:
- Ministério Público Federal
denuncia a ministra Benedita da
Silva por improbidade administrativa.
Não é mais só a viagem à Argentina. Tem outras, com assessoras envolvidas.
A ministra sumiu, não deu as
caras. Deixou o escândalo para
outro resolver, qualquer outro.
Lula, quem for.
Não, o JN não deu manchete
para a denúncia de improbidade
da ministra. Deu umas poucas
frases, lá pelo meio.
O presidente e outros ministros
passaram os últimos dias num
esforço para levar à televisão
uma agenda positiva, qualquer
coisa que não envolvesse promotores e juízes.
No Congresso, cederam ao que
tucanos e pefelistas e peemedebistas pediam, para aprovar as
reformas. No dizer de Franklin
Martins, no JN:
- Todo mundo saiu ganhando.
Falava dos acordos que permitiram levar as reformas adiante.
O tucano Tasso Jereissati elogiou
abertamente o governo petista,
no Bom Dia Brasil.
Mas não foi o bastante para
melhorar a agenda. Lula apresentou a seguir um novo modelo
para o setor elétrico e disse que
"os apagões são página virada"
no Brasil.
Não pegou. O ministro Antonio Palocci saiu dizendo que
"chega de pensar em juros, agora
é só desenvolvimento". O ministro Tarso Genro disse a Míriam
Leitão que "agora é hora da política industrial".
Esforço grande, mas nada que
bastasse para mudar de assunto.
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