São Paulo, domingo, 12 de dezembro de 2004

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Governo anuncia a segunda fase da campanha pela auto-estima

KENNEDY ALENCAR E
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal vai lançar uma nova campanha de publicidade para vender o que julga êxitos da política econômica e articula uma "fase 2" da campanha de auto-estima da Abap (Associação Brasileira das Agências de Propaganda). Peças em preparo na área de comunicação do governo federal foram apresentadas na reunião ministerial.
Até quinta-feira desta semana, o governo deverá divulgar um caderno com o balanço dos dois primeiros anos da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um vídeo de 15 minutos, intitulado "O Brasil na Era do Desenvolvimento Sustentável" e que resumia as realizações do governo até agora, foi apresentado ontem à tarde na Granja do Torto, onde ocorreu a reunião de dois dias.
Como fez anteontem, Lula voltou a falar que será preciso melhorar a relação dos ministros e do governo com o Congresso. Reconheceu que essa relação "não foi das melhores".
Ao voltar a pedir "unidade" e "solidariedade" entre os membros de sua administração, o presidente afirmou que, às vezes, há áreas do governo que estão com "febre". Nesses momentos, acrescentou, o resto da equipe tem de ir "medicá-la", recorrendo às metáforas que usa tanto.

Meirelles pede prudência
Ao falar dos números da economia, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que o governo obtivera "sucesso", mas pediu "prudência", na linha de cautela do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) no dia anterior. Meirelles se dispôs a explicar a política monetária (juros) a outros ministros.
Nesse momento, Lula fez uma brincadeira com ele, cujo status de ministro foi confirmado na semana passada com a aprovação de uma medida provisória.
Segundo Lula, Meirelles "virou um político perfeito". De acordo com relatos obtidos pela Folha, Lula disse que Meirelles agora "se dispõe a discutir temas que não admitia [discutir]".
A Folha apurou que dois conceitos repetidos na reunião ministerial serão uma espécie de lemas da campanha publicitária sobre política econômica: "Crescimento Sustentável com Distribuição de Renda" e "Inclusão Social com Democracia".
Um comercial com o cantor Roberto Carlos, da campanha "O Melhor do Brasil é o Brasileiro", foi apresentado como exemplo da "segunda fase" da propaganda de auto-estima. O ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) foi cumprimentado por Lula e os colegas.

Informalidade
Após a entrevista do ministro José Dirceu (Casa Civil), na qual ele transmitiu quais seriam as prioridades do governo, a reunião ministerial transcorreu num clima mais informal, com depoimentos livres dos ministros.
Numa hora em que provocou risos, Lula pediu que os ministros se preparassem para "trabalhar ainda mais" no ano que vem porque, afirmou, há "muita coisa para ser feita". O presidente se disse "orgulhoso" do esforço que todos os ministros fizeram para a reunião, que ele considerou "a mais produtiva". Foi o oitavo encontro ministerial -o terceiro do ano.
Outro momento de descontração aconteceu quando o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, discursou no seu exato tempo. Dirceu, que controlava a duração das intervenções, disse: "Bem-vindo ao clube dos bolcheviques pela disciplina [ao cumprir o tempo de 15 minutos]". Lula e ministros riram.
A exemplo de anteontem, quando disse que quem quisesse fazer oposição procurasse outro lugar, Lula voltou a criticar os que atacam os rumos de sua administração. Afirmou que deputados do PT, às vezes, fazem críticas mais duras do que a oposição.


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