São Paulo, domingo, 12 de dezembro de 2004

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REVOLTA NA BASE

Presidente quer contar com partido para reeleição em 2006

Lula admite derrota e tenta atrair a oposição do PMDB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Patrocinar o fim da "verticalização" eleitoral e reiniciar negociações pontuais com a ala "oposicionista" do PMDB após a provável derrota de hoje na convenção do partido. Esses serão os movimentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para continuar com o apoio da maioria da sigla no Congresso e tentar selar aliança oficial em apoio à sua reeleição.
A "verticalização" foi a polêmica decisão da Justiça Eleitoral em 2002 segundo a qual os partidos são obrigados a repetir nos Estados as alianças que fizerem para a eleição presidencial. Ou seja, um partido com candidato próprio à Presidência não pode se aliar a uma sigla num Estado que tenha outro postulante ao Planalto.
Ao acabar com a "verticalização", o que precisa ser feito mediante mudança da legislação eleitoral, Lula abre a possibilidade de negociar o apoio de governadores do PMDB à sua reeleição em troca do suporte do PT a eles nos Estados. Esse cenário é ainda uma saída caso a direção nacional peemedebista rejeite uma aliança oficial daqui a dois anos.
Na sexta, Lula convidou o presidente do Senado, José Sarney, o senador Renan Calheiros, o líder na Câmara José Borba e os ministros da sigla para um encontro.
Em relação à convenção de hoje, Lula a considera uma batalha perdida desde que na última quarta-feira ele e seus aliados no partido foram derrotados numa tensa e conturbada reunião da Executiva. Foi aprovado na quarta o pedido de entrega dos cargos federais, até mesmo ministério, no prazo de 48 horas como condição para adiar a convenção de hoje.
Como a decisão foi rejeitada pelas bancadas no Congresso, que reafirmaram por maioria o desejo de ficar no governo, a convenção foi mantida e deve confirmar a deliberação da Executiva com extensão do prazo de entrega dos cargos para um mês.
Os governistas perderam para a ala oposicionista, composta por antigos apoiadores de Lula que hoje o hostilizam e também por membros que tiveram muito poder nos dois mandatos do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-1998 e 1999-2002).
Segundo um ministro da cúpula do governo, Lula vai aceitar a derrota na batalha (a convenção de hoje) para vencer a guerra (ter o partido apoiando a sua reeleição). Para tanto, deverá esperar baixar a poeira e procurar o presidente do PMDB, o deputado federal Michel Temer (SP), entre outros.
Por ora, está mantida a decisão de usar a reforma ministerial para aumentar o poder do PMDB no governo, dando-lhe uma pasta com mais verbas que as atuais (Comunicações e Previdência).
Em relação à presidência do Senado, Lula já fechou com o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL). Para o presidente, esse apoio é fundamental para reconstruir a maioria do governo no Senado, onde Lula tem cerca de 20 dos 22 senadores ao seu lado.
Se der certo a estratégia de Lula, ele espera ampliar aliados para ter maioria incontestável no PMDB. A legenda possui a maior bancada no Senado e a segunda na Câmara. (KENNEDY ALENCAR E FERNANDO RODRIGUES)

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