|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REVOLTA NA BASE
Presidente quer contar com partido para reeleição em 2006
Lula admite derrota e tenta
atrair a oposição do PMDB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Patrocinar o fim da "verticalização" eleitoral e reiniciar negociações pontuais com a ala "oposicionista" do PMDB após a provável derrota de hoje na convenção
do partido. Esses serão os movimentos do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva para continuar com
o apoio da maioria da sigla no
Congresso e tentar selar aliança
oficial em apoio à sua reeleição.
A "verticalização" foi a polêmica decisão da Justiça Eleitoral em
2002 segundo a qual os partidos
são obrigados a repetir nos Estados as alianças que fizerem para a
eleição presidencial. Ou seja, um
partido com candidato próprio à
Presidência não pode se aliar a
uma sigla num Estado que tenha
outro postulante ao Planalto.
Ao acabar com a "verticalização", o que precisa ser feito mediante mudança da legislação
eleitoral, Lula abre a possibilidade
de negociar o apoio de governadores do PMDB à sua reeleição
em troca do suporte do PT a eles
nos Estados. Esse cenário é ainda
uma saída caso a direção nacional
peemedebista rejeite uma aliança
oficial daqui a dois anos.
Na sexta, Lula convidou o presidente do Senado, José Sarney, o
senador Renan Calheiros, o líder
na Câmara José Borba e os ministros da sigla para um encontro.
Em relação à convenção de hoje,
Lula a considera uma batalha perdida desde que na última quarta-feira ele e seus aliados no partido
foram derrotados numa tensa e
conturbada reunião da Executiva.
Foi aprovado na quarta o pedido
de entrega dos cargos federais, até
mesmo ministério, no prazo de 48
horas como condição para adiar a
convenção de hoje.
Como a decisão foi rejeitada pelas bancadas no Congresso, que
reafirmaram por maioria o desejo
de ficar no governo, a convenção
foi mantida e deve confirmar a
deliberação da Executiva com extensão do prazo de entrega dos
cargos para um mês.
Os governistas perderam para a
ala oposicionista, composta por
antigos apoiadores de Lula que
hoje o hostilizam e também por
membros que tiveram muito poder nos dois mandatos do tucano
Fernando Henrique Cardoso
(1995-1998 e 1999-2002).
Segundo um ministro da cúpula
do governo, Lula vai aceitar a derrota na batalha (a convenção de
hoje) para vencer a guerra (ter o
partido apoiando a sua reeleição).
Para tanto, deverá esperar baixar
a poeira e procurar o presidente
do PMDB, o deputado federal Michel Temer (SP), entre outros.
Por ora, está mantida a decisão
de usar a reforma ministerial para
aumentar o poder do PMDB no
governo, dando-lhe uma pasta
com mais verbas que as atuais
(Comunicações e Previdência).
Em relação à presidência do Senado, Lula já fechou com o líder
do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL). Para o presidente, esse
apoio é fundamental para reconstruir a maioria do governo no Senado, onde Lula tem cerca de 20
dos 22 senadores ao seu lado.
Se der certo a estratégia de Lula,
ele espera ampliar aliados para ter
maioria incontestável no PMDB.
A legenda possui a maior bancada
no Senado e a segunda na Câmara.
(KENNEDY ALENCAR E FERNANDO RODRIGUES)
Texto Anterior: Janio de Freitas: Sinal do futuro Próximo Texto: PPS decide sair da base aliada Índice
|