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QUESTÃO NUCLEAR/OUTRO LADO
Presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear afirma que o sistema não é vulnerável
País é referência no controle radioativo, diz chefe da Cnen
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear),
Odair Dias Gonçalves, afirma que
o Brasil é referência internacional
no controle de fontes radioativas
e goza de excelente conceito na
AIEA (Agência Internacional de
Energia Atômica).
Apesar de não contar com uma
legislação adequada, Gonçalves
diz que a comissão já possui mecanismos indiretos para punir
operadores que não respeitam
normas de segurança.
"O Brasil tem o melhor sistema
de segurança porque fomos obrigados a aprender com o caso de
Goiânia. Somos considerados
ponto de referência pela AIEA",
disse o presidente da Comissão,
durante conversa de mais de duas
horas com a Folha, na sede da
empresa, no Rio de Janeiro.
"[O sistema] não é vulnerável",
afirma. Na sua avaliação, não há
riscos de se repetir o acidente de
1987, que matou sete pessoas contaminadas pelo césio-137. Ele usa
a lista de incidentes dos últimos
anos para argumentar que a situação está sob controle. "Problemas
acontecem em qualquer lugar.
Desde 1987, no entanto, não tivemos nenhum evento que causasse
danos à saúde ou ao ambiente",
diz ele, ao analisar os eventos
apresentados pela Folha.
Punição
O presidente da comissão também afirma que a Cnen, por ter o
poder de emitir as licenças de importação e monopolizar a produção de radiofármacos (fontes radioativas usadas na medicina),
consegue punir os operadores
que não adotam padrões mínimos de segurança na manipulação de material radioativo ou radiológico.
Segundo Gonçalves, a Cnen não
concede licenças de importação
para as instalações consideradas
de baixa segurança. O fornecimento de radiofármacos também
é cortado quando a comissão avalia que os padrões de qualidade
não foram seguidos. "A fiscalização é nossa prioridade zero", diz.
Função independente
Na sua opinião, o Brasil não só
respeita os códigos da AIEA, como pode oferecer bons exemplos
para outros países. Segundo Gonçalves, o fato da INB (Indústrias
Nucleares do Brasil), responsável
pelo desenvolvimento de combustíveis para as usinas nucleares,
ser vinculada à Cnen, órgão fiscalizador, não é um desrespeito às
regras da agência internacional.
"O termo usado no código é independência de função", afirma
Gonçalves, que está no cargo há
cerca de um ano e meio. Ele afirma que há total independência de
função entre as duas entidades, a
Cnen e a INB. Há total independência administrativa, completa.
"O conselho da INB é mais fiscalizador do que um conselho de empresa", afirma. Além de ser o presidente da Cnen, Gonçalves também preside o conselho da INB.
Apesar de não ver problemas
institucionais nem legais com relação ao vínculo entre a exploração e a fiscalização no Brasil, Gonçalves defende que, em algum
momento, a INB deixe de pertencer à Cnen. Ele diz também
querer separar a produção de
radiofármacos da estrutura da
comissão.
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