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QUESTÃO NUCLEAR
Técnicos que sugeriram suspensão da atividade em Caetité pediram exoneração após Cnen manter operação
Licença para mina de urânio causa demissão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REDAÇÃO
A INB (Indústrias Nucleares do
Brasil) renovou, no mês de outubro, sua autorização para explorar urânio na mina de Caetité, na
Bahia, apesar de relatório de técnicos da própria Cnen sugerir a
suspensão das atividades.
A decisão do presidente da comissão, Odair Dias Gonçalves, de
manter a operação da empresa
em Caetité fez com que a equipe
responsável pelo relatório pedisse
exoneração dos cargos de confiança. A Cnen não revela o nome
dos fiscais, mas reconhece a existência do documento.
O primeiro relatório que chegou às mãos de Gonçalves apontava cerca de 25 irregularidades
nas instalações das minas. Três
dos pontos levantados foram considerados impeditivos para a continuidade da exploração.
Na opinião dos fiscais da Codin
(Coordenação de Instalações Nucleares), a renovação da licença da
INB só deveria ser dada após a solução dos seguintes problemas:
1) Refazer o ângulo do talude
(corte dentro da mina para a retirada do minério) para evitar desabamentos;
2) Apresentar estudos hidrogeológicos (movimentação do solo) para avaliar a possibilidade de
contaminação do lençol freático
embaixo da mina;
3) Ampliar a capacidade das bacias desenhadas para conter a
água usada no processo de mineração e contaminada com restos
de materiais radioativos. A principal bacia de contenção verteu
água diversas vezes, pois não estava preparada para enfrentar as
chuvas nos últimos anos.
Ao receber o parecer, Gonçalves
e o seu conselho de diretores não
consideraram o relatório da Codin como conclusivo. Avaliaram
que a decisão de considerar falhas
impeditivas ia além da competência da coordenação.
Um segundo estudo, dessa vez
do IRD (Instituto de Radioproteção e Dosimetria), também parte
Cnen, foi usado. O IRD apontou
os mesmos três problemas. Mas
concluiu que a INB poderia receber uma concessão temporária,
desde que se comprometesse a solucionar as pendências.
O uso do relatório do IRD para
justificar a decisão de Gonçalves
foi considerado pouco convencional por fiscais entrevistados
pela Folha. Legalmente, no entanto, não há nenhum problema. O
fato é que a Cnen, desde 2000, trabalha sem um regimento interno,
que serviria de referência para esclarecer procedimentos internos.
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