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Parque tenta em
Goiânia "apagar" memória do césio
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O parque onde estão enterrados
os rejeitos do acidente radioativo
com césio-137 irá se transformar
em breve em uma área de lazer
com campo de futebol, quiosques, lanchonetes e trilhas. Ocorrido em Goiânia em 1987, o acidente radiológico foi considerado
o maior do mundo na época.
Na tentativa de desmistificar o
fantasma da radiação e da periculosidade dos depósitos, uma parceria entre o governo de Goiás, a
Cnen e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)
pretende transformar o parque
Telma Ortegal, em Abadia de
Goiás, em um local agradável.
Distante 20 km de Goiânia, onde ocorreu o acidente, o local que
recebeu os restos radioativos só
virou parque em 1997, pela necessidade de isolar os arredores.
"É importante que não se esqueça daquele evento, mas é preciso mostrar a segurança do depósito", diz o presidente da Cnen,
Odair Dias Gonçalves. Segundo
ele, o medo da contaminação de
quem visita a área é infundado,
pois o depósito é referência mundial no quesito segurança. Além
disso, técnicos da comissão monitoram as quantidades de radiação
no solo e no ar periodicamente.
Por manter um centro de documentação e estudos sobre o acidente, o parque recebeu desde sua
criação mais de 40 mil visitantes,
em geral pesquisadores, estudantes e cientistas. O objetivo agora é
atrair a população em geral.
Em 20 hectares do parque
-que tem um total de 165 hectares- serão plantadas árvores e
um viveiro para a produção de
mudas de espécies nativas do cerrado será construído.
Outro projeto quer transformar
em áreas verdes terrenos que permanecem baldios por estarem na
região do acidente.
Em setembro de 1987, uma cápsula de césio abandonada no Instituto Goiano de Radioterapia foi
recolhida por dois catadores. A
peça foi rompida a marretadas e
vendida a um ferro-velho. Atraídos pelo brilho azul do material,
moradores de Goiânia levaram
pedaços da peça para casa.
A radiação provocou a morte de
quatro pessoas -ao menos outras 16 tiveram lesões corporais. A
descontaminação produziu cerca
de dez toneladas de lixo contaminado. São roupas, móveis, animais, árvores, restos de solo, paredes de casas e partes da pavimentação de ruas contaminados que
estão enterrados e protegidos por
paredes de 40 cm de espessura.
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