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CAMPO MINADO
Em Ribeirão Preto, integrantes de grupos acampados em fazenda não atendem a exigências para obter lote
Sem-terra têm carro e pizzaria no interior
AFRA BALAZINA
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Entre as cerca de 1.500 pessoas
acampadas na fazenda da Barra,
em Ribeirão Preto, há um grupo
que não atende às exigências do
Incra para obter um lote da reforma agrária por ter renda acima do
limite e negócios próprios. Eles
são donos de um microônibus, de
um Tempra, de um Palio Weekend e de uma pizzaria.
Ligada ao MLST (Movimento
de Libertação dos Sem-Terra),
Clarisse, que não teve seu nome
completo divulgado pelo movimento, é dona de um microônibus e fica acampada em frente ao
portão principal da fazenda. A reportagem não conseguiu ouvi-la.
Ela é cooperada da Coopertarp
(Cooperativa dos Transportadores Autônomos de Ribeirão Preto) e, de acordo com o líder do
MLST, Marcos Praxedes, sua renda familiar deve ser de R$ 1.000
-segundo a Folha apurou, os
cooperados têm renda bruta de
pelo menos R$ 2.000.
Praxedes disse que todos os integrantes do movimento receberam uma cópia das normas de seleção do Incra e estão conscientes
dos critérios que podem eliminá-los. Segundo ele, Clarisse disse
que estava no barraco para guardar a vaga para o irmão, João
Mendes, que está trabalhando numa fazenda em Minas Gerais.
José Barbosa, outro acampado
ligado ao MLST, é dono de uma
pizzaria no condomínio Jardim
das Pedras. O fato de ele ser comerciante já seria fator eliminatório da seleção. Sua renda também
é superior aos três salários mínimos -ele possui um Palio Weekend e seus colegas de acampamento confirmam que ele paga
uma prestação mensal de R$ 600
pelo veículo. A Folha o procurou
no acampamento e na pizzaria,
mas não conseguiu contatá-lo.
No acampamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), um dos barracos
tinha, na quinta-feira, um Tempra estacionado na frente.
A reportagem não conseguiu
encontrar o dono do veículo nem
obter informações sobre ele com
os outros acampados.
Segundo um dos coordenadores do grupo, Josué Lopes de Oliveira, o fato de ter carro não desqualifica ninguém para lutar por
um pedaço de terra.
De acordo com o Incra, qualquer pessoa pode se cadastrar ou
ficar acampada, mas isso não significa que será assentada.
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