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DANÇA DAS CADEIRAS
Pasta não está definida; reforma deve sair em fevereiro
Lula sinaliza que Roseana vai integrar o ministério
KENNEDY ALENCAR
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva sinalizou ontem ao presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), e ao líder peemedebista na Casa, Renan Calheiros
(AL), que nomeará a senadora licenciada Roseana Sarney (MA),
hoje no oposicionista PFL, para o
ministério. A outro interlocutor,
afirmou que fará as mudanças
apenas no próximo mês.
"Claro. O [líder do governo no
Senado, Aloizio] Mercadante já
conversou muito comigo sobre
isso", disse Lula ao ouvir de Renan que a indicação de Roseana
para o primeiro escalão era um
consenso "suprapartidário" que
ajudaria a consolidar a base do
governo no Senado.
Ao deixar o encontro, Sarney
deu a notícia à filha. Segundo interlocutores da senadora, Renan
pediu licença a Sarney para dizer
a Lula que ele, Mercadante, José
Dirceu (Casa Civil) e Aldo Rebelo
(Coordenação Política) eram favoráveis à nomeação de Roseana
para o ministério. Lula reagiu positivamente, mas não deu pista de
qual pasta dará a Roseana.
O presidente marcou nova reunião com Sarney e Renan para esta segunda, na qual estarão os
atuais ministros do partido, Eunício Oliveira (Comunicações) e
Amir Lando (Previdência), e o líder do PMDB na Câmara, José
Borba (PR). Deve ser discutido o
fortalecimento do espaço peemedebista no primeiro escalão.
Lula desejava fazer o encontro
mais amplo com o PMDB hoje,
mas Sarney pediu ao presidente
que o atendesse ontem para falar
com Lula apenas ao lado de Renan e porque marcou para hoje
uma cirurgia de catarata.
"É fundamental a presença da
Roseana no governo", afirmou o
líder do PMDB em entrevista
após o encontro com Lula no Planalto. Mercadante também defendeu a indicação: "Sarney foi
um aliado importante nesses dois
anos de governo, foi um parceiro
estratégico. A Roseana, por ser de
um partido de oposição, tem um
papel importante na construção
da governabilidade no Senado e
tem uma bela experiência administrativa, é nordestina, mulher.
Ela ajuda, agrega e expressa um
campo político importante".
Renan disse ainda a Lula que
quatro governadores poderão ingressar no PMDB em breve e que
o fortalecimento do partido poderá atrair mais políticos para a base
do governo. Na reforma, Lula pretende consolidar a idéia de governo de coalizão e solidificar acordos partidários para apoiar sua
reeleição no ano que vem.
Sucessão no Congresso
A intenção de Lula era promover a reforma ministerial até o fim
da próxima semana, antes de viajar para o exterior, mas resolveu
adiá-la para casá-la com as negociações para eleger Renan presidente do Senado e o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh
(PT-SP) presidente da Câmara.
Em toda reforma, há sempre
contrariados. O presidente quer
fazer as alterações quando tiver
certeza da eleição dos aliados.
Ontem, Sarney disse a Lula que
apoiará Renan para sucedê-lo. E
afirmou que lutará para que a
maioria do PMDB na Câmara (76
deputados) apóie Greenhalgh.
O lobby pró-Roseana, por
exemplo, tem tudo a ver com a sucessão no Congresso. É compensação a Sarney, que não conseguiu aprovar emenda constitucional para se reeleger.
Mais: como o clã Sarney está
rompido com o atual governador
do Maranhão, José Reinaldo
(PTB), a nomeação de Roseana
daria força à família, que domina
a política estadual há décadas.
O PFL já dá como certa a indicação de Roseana. Ela disse à sigla
que se desligará quando for convidada oficialmente. "Ela vai se
desligar, já que o partido é de oposição", disse o presidente do PFL,
senador Jorge Bornhausen (SC),
que descartou impacto nas votações do Senado. "Ela não estava
votando com o partido", disse ele.
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