São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

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DANÇA DAS CADEIRAS

Pasta não está definida; reforma deve sair em fevereiro

Lula sinaliza que Roseana vai integrar o ministério

KENNEDY ALENCAR
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou ontem ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e ao líder peemedebista na Casa, Renan Calheiros (AL), que nomeará a senadora licenciada Roseana Sarney (MA), hoje no oposicionista PFL, para o ministério. A outro interlocutor, afirmou que fará as mudanças apenas no próximo mês.
"Claro. O [líder do governo no Senado, Aloizio] Mercadante já conversou muito comigo sobre isso", disse Lula ao ouvir de Renan que a indicação de Roseana para o primeiro escalão era um consenso "suprapartidário" que ajudaria a consolidar a base do governo no Senado.
Ao deixar o encontro, Sarney deu a notícia à filha. Segundo interlocutores da senadora, Renan pediu licença a Sarney para dizer a Lula que ele, Mercadante, José Dirceu (Casa Civil) e Aldo Rebelo (Coordenação Política) eram favoráveis à nomeação de Roseana para o ministério. Lula reagiu positivamente, mas não deu pista de qual pasta dará a Roseana.
O presidente marcou nova reunião com Sarney e Renan para esta segunda, na qual estarão os atuais ministros do partido, Eunício Oliveira (Comunicações) e Amir Lando (Previdência), e o líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR). Deve ser discutido o fortalecimento do espaço peemedebista no primeiro escalão.
Lula desejava fazer o encontro mais amplo com o PMDB hoje, mas Sarney pediu ao presidente que o atendesse ontem para falar com Lula apenas ao lado de Renan e porque marcou para hoje uma cirurgia de catarata.
"É fundamental a presença da Roseana no governo", afirmou o líder do PMDB em entrevista após o encontro com Lula no Planalto. Mercadante também defendeu a indicação: "Sarney foi um aliado importante nesses dois anos de governo, foi um parceiro estratégico. A Roseana, por ser de um partido de oposição, tem um papel importante na construção da governabilidade no Senado e tem uma bela experiência administrativa, é nordestina, mulher. Ela ajuda, agrega e expressa um campo político importante".
Renan disse ainda a Lula que quatro governadores poderão ingressar no PMDB em breve e que o fortalecimento do partido poderá atrair mais políticos para a base do governo. Na reforma, Lula pretende consolidar a idéia de governo de coalizão e solidificar acordos partidários para apoiar sua reeleição no ano que vem.

Sucessão no Congresso
A intenção de Lula era promover a reforma ministerial até o fim da próxima semana, antes de viajar para o exterior, mas resolveu adiá-la para casá-la com as negociações para eleger Renan presidente do Senado e o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) presidente da Câmara.
Em toda reforma, há sempre contrariados. O presidente quer fazer as alterações quando tiver certeza da eleição dos aliados.
Ontem, Sarney disse a Lula que apoiará Renan para sucedê-lo. E afirmou que lutará para que a maioria do PMDB na Câmara (76 deputados) apóie Greenhalgh.
O lobby pró-Roseana, por exemplo, tem tudo a ver com a sucessão no Congresso. É compensação a Sarney, que não conseguiu aprovar emenda constitucional para se reeleger.
Mais: como o clã Sarney está rompido com o atual governador do Maranhão, José Reinaldo (PTB), a nomeação de Roseana daria força à família, que domina a política estadual há décadas.
O PFL já dá como certa a indicação de Roseana. Ela disse à sigla que se desligará quando for convidada oficialmente. "Ela vai se desligar, já que o partido é de oposição", disse o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), que descartou impacto nas votações do Senado. "Ela não estava votando com o partido", disse ele.


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