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VÔO OFICIAL
Queda na cotação da moeda, pouparia R$ 2 mi hoje
Valor da última parcela do Airbus foi convertido em dólar em setembro
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O dinheiro destinado ao pagamento da última parcela de US$
10 milhões do Airbus presidencial, previsto para hoje ou amanhã, foi transferido para uma
conta da Comissão Aeronáutica
em Washington em setembro.
Como o preço do dólar caiu
quase 7% desde então, algo imprevisível naquele momento, o
custo do AeroLula acabou ficando R$ 2 milhões maior. A diferença entre o câmbio de setembro
(R$ 2,90 por dólar) e o de ontem
equivale, com sobra, ao custeio do
programa de inclusão digital do
governo federal.
Segundo o Comando da Aeronáutica, a compra antecipada dos
dólares e a sua transferência para
a conta da Comissão Aeronáutica
Brasileira deu maior segurança de
que o compromisso com a Airbus
seria honrado. Ainda segundo a
Aeronáutica, caso o valor do dólar
subisse até a data do pagamento,
inicialmente previsto para dezembro, poderia haver dificuldade para quitar o contrato.
No segundo semestre do ano
passado, várias empresas anteciparam o pagamento de dívidas
em dólar, diante dos sinais de
queda na cotação da moeda.
Na negociação com a Airbus, o
governo se comprometeu a pagar
os US$ 56,7 milhões pelo modelo
personalizado do A-319 em quatro parcelas, antes da entrega do
avião em Toulouse, na França. Os
três primeiros pagamentos foram
feitos em fevereiro, julho e agosto.
Ficaram faltando US$ 10 milhões.
A informação sobre a reserva de
dinheiro para quitar o avião foi
dada pela assessoria de imprensa
do Comando da Aeronáutica ao
contestar que o pagamento seria
feito com dinheiro dos impostos
arrecadados em 2005, com outras
despesas autorizadas no ano passado e não pagas até 31 de dezembro. A Aeronáutica informou
também a cotação do dólar usada.
Ontem, a Folha tentou acessar o
Siafi (sistema informatizado de
acompanhamento de gastos federais), mas o programa de compra
de aeronaves e a unidade gestora
responsável pelo gasto estavam
indisponíveis para a consulta.
O Tesouro Nacional, que administra as contas públicas, foi procurado ontem durante o dia e não
se manifestou sobre a operação.
O Airbus -que pode chegar
amanhã-, deve ser usado nos
próximos oito mandatos presidenciais, pelo menos.
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