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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/INVESTIGAÇÃO
Representantes de instituições investigadas reclamam do vazamento de informações à imprensa e se colocam à disposição de comissão
Fundos e Caixa vão a CPI para se explicar
CONRADO CORSALETTE
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Alvos da CPI dos Correios, representantes de fundos de pensão
e da Caixa Econômica Federal
procuraram ontem o presidente
da comissão, senador Delcídio
Amaral (PT-MS), para se queixar
de vazamento de informações,
dar explicações e se colocar à disposição dos parlamentares. A tentativa de "armistício" ocorre a
dois meses da conclusão dos trabalhos da CPI, que deverá ter relatório final apresentado em março.
Integrantes da Abrapp (Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Complementar) foram recebidos por Delcídio e pelo relator da comissão,
Osmar Serraglio (PMDB-PR).
A entidade colocou técnicos à
disposição da CPI e fez queixa sobre vazamento de informações à
imprensa ao presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP).
"Eles disseram que as perdas divulgadas têm de ser tratadas com
cuidado, pois existem dados sigilosos", afirmou Delcídio. A
Abrapp diz que a CPI interpreta
erradamente os números.
Segundo relatório preliminar
do sub-relator Antônio Carlos
Magalhães Neto (PFL-BA), 14
fundos de pensão patrocinados
por estatais tiveram perdas de
R$ 729 milhões em operações na
BM&F (Bolsa de Mercadorias &
Futuros) de 2000 a 2005. Anteontem, novo documento foi apresentado apontando perdas, no
mesmo período, de R$ 75,9 milhões em negociações com títulos
públicos. A CPI investiga relação
dessas perdas com ganhos proporcionais de corretoras de valores ligadas ao "valerioduto".
Ontem, a Abrapp divulgou nota
na qual pede, novamente, "cuidado com as informações". A CPI
diz já estar tomando os cuidados
necessários com a divulgação de
dados obtidos com a quebra de sigilo bancário dos fundos. Delcídio cita o fato de parte dos depoimentos de ex-diretores estar sendo feita a portas fechadas.
Ontem, outros dois ex-dirigentes da Prece, fundo de pensão da
Cedae (companhia estadual de
saneamento do Rio), foram ouvidos pela comissão. Munidos de liminares do STF que garantiam
parte das sessões fechadas, prestaram depoimento Pedro José
Mendes e Ricardo Afonso Leitão,
que ocuparam os cargos de direção no período anterior a 2003.
Caixa
Na reunião de Delcídio com representantes da Caixa, o presidente do banco, Jorge Mattoso,
entregou documento no qual rebate dados preliminares do Tribunal de Contas da União. Auditoria do TCU concluiu que a Caixa beneficiou o BMG em operações que renderam ao banco mineiro lucro de R$ 119 milhões. As
operações consistiram na compra
da carteira de crédito consignado
(empréstimos com desconto em
folha de pagamento).
O presidente da Caixa se queixou do vazamento de informações e afirmou que operações do
gênero são comuns no mercado,
inclusive entre bancos privados.
Na próxima semana, três integrantes da CPI vão aos EUA para
tentar a liberação de dados de
uma conta recém-descoberta do
publicitário Duda Mendonça.
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