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Integrantes demonstram pouco preparo
EVANDRO SPINELLI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Membros do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social, que será instalado hoje pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, demonstram pouco preparo
para discutir a fundo os temas que debatidos no órgão.
Foram indicados 82 membros da sociedade civil para
compor o órgão. A Folha ouviu 17 deles e constatou
que poucos têm conhecimento profundo sobre os temas que serão discutidos e
as propostas superficiais que
apresentam são discordantes na essência.
"Eu sei a formulação teológica e filosófica, mas não conheço a formulação econômica. A gente vai precisar de
tempo para analisar as questões e consultar quem a gente confia", disse Dom Tomás
Balduíno, coordenador da
Comissão Pastoral da Terra
"Estou preparado no macro. No micro, vamos ter de
analisar com especialistas
nos subcomitês", afirmou
Sérgio Haberfeld, diretor da
Dixie Toga. "A experiência
que temos na área previdenciária não vem da especialização no tema, mas da experiência no mundo real, de
empresário", disse Ricardo
Young, do Instituto Ethos.
Diante do despreparo de
parte dos conselheiros, as
discussões devem ser marcadas pelo embate das propostas já previamente elaboradas pelas entidades de empresários e de trabalhadores.
Já há até grupos de conselheiros que estão se reunindo em torno de propostas
previamente preparadas para enfrentar as discussões.
"Estamos discutindo na
Ação Empresarial [movimento liderado pelo também conselheiro Jorge Gerdau" para que os empresários apresentem uma proposta única", disse Luiz Otávio Gomes, presidente da
CACB (Confederação das
Associações Comerciais e
Empresariais Brasileiras).
"Devemos ter uma atuação muito articulada com as
centrais sindicais", afirmou
Altemir Tortelli, coordenador-geral da Federação dos
Trabalhadores na Agricultura Familiar do Sul do Brasil.
Há consenso, no entanto,
na agenda de discussões.
"Nos temas há consenso.
Qual modelo de reforma,
certamente não terá consenso", disse Luiz Marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e dirigente da CUT (Central Única
dos Trabalhadores).
Na questão previdenciária,
por exemplo, o racha já é
anunciado, ainda que a
maioria dos conselheiros seja alinhada com o Planalto.
"Não haverá acordo se o sistema único não for para todo mundo", afirmou o presidente da CUT, João Felício.
O secretário especial de
Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro, disse que a intenção do governo
nunca foi montar um conselho "neutro".
"Não é possível nem nunca foi nosso objetivo buscar
uma composição neutra.
Não existe neutralidade ao
tratar de um novo modelo
social e econômico para o
país", afirmou.
Ele disse ainda que, na
composição do conselho,
houve a intenção de dar voz
a empresários, trabalhadores e líderes de organizações
não-governamentais. Na semana passada, líderes sindicais reclamaram do fato de
metade dos integrantes do
Conselho ser formada por
empresários.
Colaborou FÁBIO ZANINI, da Sucursal de Brasília
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