UOL

São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Integrantes demonstram pouco preparo

EVANDRO SPINELLI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que será instalado hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, demonstram pouco preparo para discutir a fundo os temas que debatidos no órgão.
Foram indicados 82 membros da sociedade civil para compor o órgão. A Folha ouviu 17 deles e constatou que poucos têm conhecimento profundo sobre os temas que serão discutidos e as propostas superficiais que apresentam são discordantes na essência.
"Eu sei a formulação teológica e filosófica, mas não conheço a formulação econômica. A gente vai precisar de tempo para analisar as questões e consultar quem a gente confia", disse Dom Tomás Balduíno, coordenador da Comissão Pastoral da Terra
"Estou preparado no macro. No micro, vamos ter de analisar com especialistas nos subcomitês", afirmou Sérgio Haberfeld, diretor da Dixie Toga. "A experiência que temos na área previdenciária não vem da especialização no tema, mas da experiência no mundo real, de empresário", disse Ricardo Young, do Instituto Ethos.
Diante do despreparo de parte dos conselheiros, as discussões devem ser marcadas pelo embate das propostas já previamente elaboradas pelas entidades de empresários e de trabalhadores.
Já há até grupos de conselheiros que estão se reunindo em torno de propostas previamente preparadas para enfrentar as discussões.
"Estamos discutindo na Ação Empresarial [movimento liderado pelo também conselheiro Jorge Gerdau" para que os empresários apresentem uma proposta única", disse Luiz Otávio Gomes, presidente da CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais Brasileiras).
"Devemos ter uma atuação muito articulada com as centrais sindicais", afirmou Altemir Tortelli, coordenador-geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Sul do Brasil.
Há consenso, no entanto, na agenda de discussões. "Nos temas há consenso. Qual modelo de reforma, certamente não terá consenso", disse Luiz Marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e dirigente da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Na questão previdenciária, por exemplo, o racha já é anunciado, ainda que a maioria dos conselheiros seja alinhada com o Planalto. "Não haverá acordo se o sistema único não for para todo mundo", afirmou o presidente da CUT, João Felício.
O secretário especial de Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro, disse que a intenção do governo nunca foi montar um conselho "neutro".
"Não é possível nem nunca foi nosso objetivo buscar uma composição neutra. Não existe neutralidade ao tratar de um novo modelo social e econômico para o país", afirmou.
Ele disse ainda que, na composição do conselho, houve a intenção de dar voz a empresários, trabalhadores e líderes de organizações não-governamentais. Na semana passada, líderes sindicais reclamaram do fato de metade dos integrantes do Conselho ser formada por empresários.


Colaborou FÁBIO ZANINI, da Sucursal de Brasília


Texto Anterior: Na França, debate da reforma durou quase três anos
Próximo Texto: Questão agrária: Em 1ª reunião, governo atende a MST
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.