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VERÃO REMUNERADO
Senadores deixaram de apreciar propostas prioritárias
Em convocação extra, Senado ignora projetos do Executivo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Senado Federal não votou nenhuma das propostas incluídas
pelo Executivo na pauta de votações da convocação extraordinária, que custou R$ 50 milhões, durou 20 dias úteis e termina hoje.
Os projetos da reforma do Poder
Judiciário, da Lei de Falências e da
regulamentação da Mata Atlântica nem saíram das comissões.
O Executivo convocou o Congresso extraordinariamente por
pressão dos senadores, que cobravam o compromisso do governo de votar a "PEC paralela", criada pela Casa, que atenua os efeitos
da reforma da Previdência sobre
o funcionalismo público.
A reação do presidente da Câmara à convocação criou um mal-estar com o Palácio do Planalto. O
presidente da Câmara, João Paulo
Cunha (PT-SP), classificou a convocação de "escândalo" e afirmou
que o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva estava "errado". Depois
se recusou a sugerir matérias ao
presidente Lula para a pauta.
Para a oposição, o resultado foi
"pífio", como avaliaram ontem o
líder do PSDB, Arthur Virgílio
(AM), e o vice-líder do PFL, Demóstenes Torres (GO). "Fomos
convocados, comparecemos e
não votamos nada", disse Torres.
Para o líder do governo, Aloizio
Mercadante (PT-SP), o resultado
foi "positivo", porque houve
avanço na tramitação da reforma
do Judiciário e da Lei de Falências,
com audiências públicas.
Analisando o saldo das votações
e o desgaste na opinião pública,
governo e oposição concordam
num ponto: a redução do recesso
parlamentar previsto na Constituição (três meses) e na extinção
do pagamento de remuneração
extra, em caso de convocação.
"A convocação tem um problema estrutural, que é o fato de cada
parlamentar receber dois salários
a mais. Esse é o problema. Não há
condições de o país parar todo o
período previsto para o recesso.
Houve avanço nas grandes questões. Se não houvesse a convocação, estaríamos com um mês de
atraso na apreciação dessas propostas", afirmou Mercadante.
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), que esteve
ausente em três das quatro semanas da convocação -primeiro,
por causa da morte de sua mãe,
Kyola, e depois, por problemas
renais-, e a senadora Serys
Slhessarenko (PT-MT) -por ser
contra o pagamento extra- foram os únicos dos 81 membros da
Casa a devolver a remuneração.
O plenário aprovou apenas um
projeto que permite acompanhamento de parturientes em hospitais atendidos pelo SUS e MPs
aprovadas pela Câmara.
As mais importantes, no entanto, que definem o novo modelo
do setor elétrico, ainda está em fase de negociação e deve ser votada
na próxima terça-feira.
Câmara
O presidente da Câmara afirmou ontem que, apesar de ter sido contra a convocação, o período foi produtivo na Casa. Ele também disse que não há ambiente
político para a votação do projeto
que reduz o recesso parlamentar.
Foram votados no plenário 22
das 51 matérias da pauta. Durante
o período, além do salário de R$
12.720, os deputados recebem
mais dois extras, somando R$
38.160. "A Câmara era de fato
contra a convocação extraordinária, entretanto, ao ser convocada
pelo presidente da República, um
grupo significativo de deputados
veio e votou diversas medidas importantes para o nosso país", disse João Paulo.
Entre os projetos aprovados, estão as medidas provisórias do setor elétrico, a Lei de Biossegurança, que regulamenta a pesquisa e a
comercialização de transgênicos,
e o fim da pena de prisão para os
usuários de drogas. Ao final da
convocação, a "PEC paralela" foi
aprovada só na CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça).
(RAQUEL ULHÔA E FERNANDA KRAKOVICS)
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