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PT NO DIVÃ
Partido deixa de lado proposta de refundação e aposta em pacto com correntes internas para levar Lula à reeleição
Aos 26 anos, PT ignora crise e evita mea-culpa
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Deixando de lado a proposta de
"refundação" e tentando colocar
em segundo plano o escândalo do
"mensalão", o PT comemora hoje
seus 26 anos apostando o futuro
no projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A nova direção do partido, eleita no fim do ano passado, conseguiu costurar com as correntes internas da legenda um pacto anticrise, que prevê congelar no momento o debate público sobre política de alianças -tema polêmico na sigla- e barrar iniciativas
que envolvam críticas ou punição
de petistas ligados ao escândalo.
Após oito meses da primeira entrevista do deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ) à Folha,
na qual ele acusou o PT de operar
o "mensalão", só o ex-tesoureiro
do partido Delúbio Soares recebeu punição: foi expulso da sigla.
"Para a proposição nova, o mais
educativo para a militância é encararmos o que ocorreu [denúncias] como parte da história, mas
em posição secundária em relação ao significado do PT para o
país e para a esquerda", diz o atual
tesoureiro petista, Paulo Ferreira.
"Ano eleitoral leva à reflexão de
que a disputa tem de ser mais para
fora [do partido] do que para
dentro", diz o presidente do PT,
deputado Ricardo Berzoini (SP).
"Não se trata de assumir um discurso para a torcida, mas sim de
uma inteligência política de não
forçar desgaste onde não precisa."
Integrantes do grupo conhecido
como Campo Majoritário, que
perdeu a hegemonia após as eleições internas e do qual fazem parte os ex-dirigentes envolvidos
com o "mensalão", voltaram a se
articular, unindo-se a outras correntes que também vêem como
prioridade a reeleição de Lula.
Berzoini nega a formação de um
novo grupo hegemônico, mas vê
unidade em torno de Lula. "A
maioria agora se constrói em cima de temas." A melhora do desempenho do presidente nas pesquisas é vista por dirigentes como
um trampolim para a unificação.
"A "volta por cima" [slogan petista para o aniversário de 26
anos] significa reeleger Lula. O capítulo da crise não está encerrado,
mas tem de ser posto no seu devido lugar, pois a prioridade agora é
a reeleição do presidente", afirma
a deputada Maria do Rosário
(RS), 2ª vice-presidente do partido e integrante do Movimento
PT, da esquerda moderada.
Hoje, em Brasília, esse clima deve conduzir o jantar de comemoração dos 26 anos do partido. Lula
estará presente na comemoração.
Dirigentes ligados ao Campo
Majoritário avaliam que, pelo
projeto de mais quatro anos no
poder, as correntes de esquerda
não devem criar duros obstáculos
no Encontro Nacional do partido,
marcado para o final de abril.
Pelo acordo fechado com as tendências, só nesse encontro é que
serão discutidos publicamente temas como política de alianças.
Outras correntes da esquerda
petista, como a Democracia Socialista, tentarão forçar mudanças
de rumos no programa para a sucessão. Querem ainda a realização
de um seminário sobre política de
alianças para o final de março.
"O PT é um partido saído da crise, que mostrou força para suportar pressão. E é um partido que
consolidou sua experiência no
governo federal e tem um bom
portfólio de realizações que não
precisam ser vistas de forma ufanista, mas também não podem
ser satanizadas", afirma Berzoini.
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